ATA DA DÉCIMA QUARTA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 22-3-2006.

 


Aos vinte e dois dias do mês de março do ano de dois mil e seis, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e dez minutos, foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Carlos Comassetto, Carlos Todeschini, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Haroldo de Souza, Ibsen Pinheiro, João Antonio Dib, Luiz Braz, Margarete Moraes, Maria Celeste, Nereu D'Avila e Raul Carrion. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Alceu Brasinha, Almerindo Filho, Bernardino Vendruscolo, Claudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Elias Vidal, Ervino Besson, João Carlos Nedel, José Ismael Heinen, Manuela d'Ávila, Mario Fraga, Maristela Maffei, Maristela Meneghetti, Maurício Dziedricki, Mônica Leal, Neuza Canabarro, Professor Garcia, Sebastião Melo, Sofia Cavedon e Valdir Caetano. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Adeli Sell, os Pedidos de Providência nos 453, 454, 455 e 456/06 (Processos nos 1410, 1412, 1414 e 1415/06, respectivamente); pelo Vereador Carlos Todeschini, o Pedido de Providência nº 397/06 (Processo nº 1293/06) e o Projeto de Resolução nº 058/06 (Processo nº 1283/06); pelo Vereador Claudio Sebenelo, os Pedidos de Providência nos 289, 290, 291, 292, 293, 294, 295, 297, 298, 409, 410 e 412/06 (Processos nos 1042, 1043, 1044, 1045, 1046, 1047, 1048, 1050, 1051, 1326, 1327 e 1329/06, respectivamente); pelo Vereador Elias Vidal, o Pedido de Providência nº 377/06 (Processo nº 1242/06); pelo Vereador Ervino Besson, o Projeto de Lei do Legislativo nº 027/06 (Processo nº 0834/06); pelo Vereador João Carlos Nedel, o Pedido de Providência nº 457/06 (Processo nº 1416/06), o Pedido de Informação nº 069/06 (Processo nº 1378/06) e o Projeto de Lei do Legislativo nº 052/06 (Processo nº 1312/06); pelo Vereador Luiz Braz, o Pedido de Providência nº 413/06 (Processo nº 1330/06); pela Vereadora Manuela d'Ávila, os Pedidos de Providência nos 331 e 395/06 (Processos nos 1151 e 1281/06, respectivamente), os Pedidos de Informação nos 060, 061 e 062/06 (Processos nos 1149, 1150 e 1285/06, respectivamente), o Projeto de Lei do Legislativo nº 041/06 (Processo nº 1000/06) e o Projeto de Resolução nº 059/06 (Processo nº 1284/06); pelo Vereador Márcio Bins Ely, o Pedido de Providência nº 436/06 (Processo nº 1358/06); pela Vereadora Margarete Moraes, o Projeto de Resolução nº 020/06 (Processo nº 0026/06); pela Vereadora Maria Celeste, os Pedidos de Providência nos 401, 402, 403 e 408/06 (Processos nos 1302, 1303, 1305 e 1317/06, respectivamente) e os Pedidos de Informação nos 065 e 066/06 (Processos nos 1322 e 1323/06, respectivamente); pelo Vereador Mario Fraga, o Pedido de Providência nº 405/06 (Processo nº 1314/06); pelo Vereador Raul Carrion, os Pedidos de Informação nos 067 e 068/06 (Processos nos 1363 e 1364/06, respectivamente). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos 193, 194 e 195/06, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre. Na ocasião, deixaram de ser votadas as Atas da Sexta e Sétima Sessões Ordinárias, em face da inexistência de quórum deliberativo. A seguir, em face de Questão de Ordem formulada pelo Vereador Raul Carrion, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca do horário de realização da segunda chamada para abertura da presente Sessão. Ainda, em face de Questão de Ordem e manifestações formuladas pelo Vereador Adeli Sell, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre a tramitação regulamentar de Pedidos de Providência protocolados nesta Casa. Em continuidade, em face de Questões de Ordem e manifestações formuladas pelos Vereadores João Antonio Dib, Clênia Maranhão, Sofia Cavedon, Mario Fraga, Haroldo de Souza e Adeli Sell, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca da possibilidade de alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão, conforme decidido em reunião realizada hoje entre a Mesa Diretora e o Colégio de Líderes. Após, foi aprovado Requerimento verbal de autoria do Vereador Dr. Goulart, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão, por dez votos SIM, oito votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, em votação nominal solicitada pelo Vereador Mario Fraga, tendo votado Sim os Vereadores Bernardino Vendruscolo, Clênia Maranhão, Elói Guimarães, Ervino Besson, Ibsen Pinheiro, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Maurício Dziedricki, Nereu D'Avila e Valdir Caetano, Não os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Carlos Comassetto, Carlos Todeschini, João Antonio Dib, Margarete Moraes, Maria Celeste e Sofia Cavedon e tendo optado pela Abstenção o Vereador Raul Carrion, este com Declaração de Voto. Em prosseguimento, nos termos do artigo 94, § 1º, alínea “g”, do Regimento, o Senhor Presidente concedeu TEMPO ESPECIAL ao Vereador Carlos Todeschini, que relatou a participação de Sua Excelência, em Representação Externa deste Legislativo, no “IV Fórum Mundial da Água”, realizado do dia dezesseis ao dia vinte e um de março do corrente, na Cidade do México, México. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Antonio Dib posicionou-se contrariamente à alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão, salientando a importância do período de Pauta e argumentando que pronunciamentos em Comunicação de Líder ocupam mais tempo do que a discussão preliminar de Pauta e são utilizados para discutir assuntos triviais. Ainda, mencionou o Projeto de Lei do Executivo nº 012/06, que autoriza o Poder Executivo a contratar Operação de Crédito. A seguir, o Vereador João Carlos Nedel manifestou-se acerca de notificação do Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Rio Grande do Sul, no sentido de remoção de propagandas eleitorais oriundas de pleitos passados, expostas em locais públicos, tendo o Senhor Presidente prestado esclarecimentos sobre o assunto. Em continuidade, a Vereadora Sofia Cavedon procedeu à entrega, ao Senhor Presidente, de Requerimento assinado pelas Vereadoras Sofia Cavedon, Maristela Maffei, Manuela d'Ávila, Maria Celeste e pelos Vereadores Carlos Todeschini, Aldacir Oliboni, Mauro Pinheiro, Carlos Comassetto e Raul Carrion, solicitando instauração de processo disciplinar contra o Vereador Luiz Braz, nos termos do artigo 12 do Código de Ética Parlamentar da Câmara Municipal de Porto Alegre. Após, por solicitação do Vereador Bernardino Vendruscolo, foi realizado um minuto de silêncio em homenagem póstuma ao Senhor Léo Antão Rigon, ex-Diretor da Associação Gaúcha de Empresas do Mercado Imobiliário – AGADEMI –, falecido no dia vinte de março do corrente. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Raul Carrion registrou sua participação na Décima Quinta Sessão da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, anunciando a decisão desse órgão de conceder a anistia a Sua Excelência e ao ex-Vereador Lauro Hagemann. Ainda, recordou o período em que o Brasil foi governado por militares, após mil novecentos e sessenta e quatro, destacando a importância simbólica de reparações para pessoas injustiçadas politicamente nessa época. O Vereador Nereu D'Avila criticou a quebra irregular do sigilo bancário do Senhor Francenildo Santos Costa, considerando esse fato uma grave violação de direitos e garantias individuais consagrados pela Constituição Federal. Em relação ao assunto, aprovou a postura do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, de cobrar a investigação e punição dos envolvidos nesse ato e analisou os efeitos negativos desse acontecimento para a credibilidade da Caixa Econômica Federal. A Vereadora Maristela Maffei cumprimentou o Vereador Raul Carrion pela anistia recebida por Sua Excelência e saudou o retorno da Vereadora Margarete Moraes à atividade parlamentar. Além disso, procedeu à leitura de trecho de carta de mulheres integrantes da Via Campesina, relativa à invasão da Fazenda Barba Negra, de propriedade da Aracruz Celulose, questionando a conveniência para o Brasil das atividades desenvolvidas por essa empresa no País. O Vereador Elói Guimarães discorreu sobre a depredação realizada por integrantes da Via Campesina ao Horto Florestal da Aracruz Celulose, rechaçando esse ato como uma violência à democracia e frisando a relevância de os Senhores Vereadores firmarem suas posições sobre o assunto. Também, repudiou a quebra ilegal do sigilo bancário do Senhor Francenildo Santos Costa, atribuindo ao Senhor Antonio Palocci, Ministro da Fazenda, a ordem de execução desse ato. A Vereadora Maria Celeste parabenizou o Vereador Raul Carrion pela anistia concedida a Sua Excelência pela Comissão de Anistia, corroborando seu pronunciamento, em Comunicação de Líder, sobre o Regime Militar. Ainda, teceu críticas ao Governo Estadual, cobrando maior valorização dos professores da rede pública de ensino e protestando contra os problemas de segurança constatados em Porto Alegre, em especial no entorno da Praça Nações Unidas. A Vereadora Clênia Maranhão registrou o recebimento de documento contendo a prestação de contas dos órgãos da Prefeitura Municipal, elogiando o enfoque dado pelo Governo Municipal às questões financeiras e destacando o volume de recursos aplicados em obras previstas pelo Programa de Orçamento Participativo. Também, analisou os Fóruns Regionais de Justiça, de Segurança e de Planejamento, enfatizando a significância desses órgãos para a discussão de problemas da Cidade. O Vereador José Ismael Heinen comparou políticas desenvolvidas pelos Governos Federal, Estadual e Municipal para os setores de Educação e Transportes, em especial quanto aos valores das passagens de ônibus e das tarifas da Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre Sociedade Anônima. Ainda, informou ter encaminhado o Pedido de Providência nº 262/06, solicitando que seja intensificada a fiscalização nos serviços de rua realizados na Avenida Azenha. O Vereador Ibsen Pinheiro reportou-se ao pronunciamento hoje efetuado pela Vereadora Maria Celeste, em Comunicação de Líder, acerca da greve promovida pelo Magistério Estadual. Sobre o assunto, afirmou que se observam atitudes partidarizadas em lideranças desse movimento, propugnando pela manutenção de um clima de diálogo entre os grupos envolvidos na questão e atentando para as dificuldades financeiras enfrentadas pelo Governo do Rio Grande do Sul. Na oportunidade, a Vereadora Maria Celeste formulou Requerimento verbal, solicitando a retirada de termos constantes no pronunciamento do Vereador Ibsen Pinheiro, em Comunicação de Líder, tendo se manifestado a respeito os Vereadores Ibsen Pinheiro e Maristela Maffei. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Luiz Braz discorreu sobre a conjuntura política observada no País, citando casos de corrupção divulgados pela imprensa, envolvendo integrantes do Governo Federal e empresários brasileiros. Da mesma forma, elogiou a escolha dos nomes de Geraldo Alckmin e Yeda Crusius como candidatos do PSDB aos cargos, respectivamente, de Presidente da República e Governadora do Estado, nas eleições programadas para o mês de outubro do corrente. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Votação Nominal, foi rejeitado o Projeto de Lei do Legislativo nº 124/05, em sua parte vetada, com ressalva dos destaques requeridos, considerando-se mantido o Veto Parcial a ele aposto, por seis votos SIM e dezesseis votos Não, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Carlos Comassetto, Carlos Todeschini, Margarete Moraes, Maria Celeste e Professor Garcia e Não os Vereadores Alceu Brasinha, Almerindo Filho, Bernardino Vendruscolo, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Ervino Besson, Ibsen Pinheiro, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, José Ismael Heinen, Mario Fraga, Maristela Meneghetti, Nereu D'Avila, Neuza Canabarro e Valdir Caetano. Foi votado destacadamente e rejeitado o artigo 8º do Projeto de Lei do Legislativo nº 124/05, considerando-se mantido o Veto a ele aposto, por nove votos SIM, onze votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Carlos Comassetto, Carlos Todeschini, Ibsen Pinheiro, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Margarete Moraes, Maria Celeste e Neuza Canabarro, Não os Vereadores Almerindo Filho, Claudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Ervino Besson, José Ismael Heinen, Mario Fraga, Maristela Meneghetti, Nereu D'Avila, Professor Garcia e Valdir Caetano e tendo optado pela Abstenção o Vereador Bernardino Vendruscolo. Na ocasião, por solicitação do Vereador Mario Fraga, foi realizada a leitura do artigo 8º do Projeto de Lei do Legislativo nº 124/05. Foi votado destacadamente e rejeitado o artigo 42 do Projeto de Lei do Legislativo nº 124/05, considerando-se mantido o Veto a ele aposto, por dez votos SIM e doze votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelo Vereador João Antonio Dib, tendo votado Sim os Vereadores, Bernardino Vendruscolo, Carlos Comassetto, Carlos Todeschini, Dr. Goulart, Ibsen Pinheiro, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Margarete Moraes, Maria Celeste e Maristela Maffei e Não os Vereadores Alceu Brasinha, Almerindo Filho, Claudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Elói Guimarães, José Ismael Heinen, Luiz Braz, Mario Fraga, Maristela Meneghetti, Nereu D'Avila, Neuza Canabarro e Professor Garcia. Após, a Vereadora Clênia Maranhão manifestou-se acerca da ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Em Discussão Geral e Votação Nominal, foi rejeitado o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 024/05, considerando-se mantido o Veto Total a ele aposto, por treze votos SIM e dezesseis votos NÃO, após ser discutido pelos Vereadores Margarete Moraes, Adeli Sell, Carlos Comassetto, Carlos Todeschini, Maristela Maffei, Sofia Cavedon, João Antonio Dib, Manuela d’Ávila, Maria Celeste e Raul Carrion e encaminhado à votação pela Vereadora Margarete Moraes, tendo votado Sim os Vereadores Aldacir Oliboni, Carlos Comassetto, Carlos Todeschini, Dr. Goulart, Haroldo de Souza, Ibsen Pinheiro, Manuela d'Ávila, Margarete Moraes, Maria Celeste, Maristela Maffei, Neuza Canabarro, Raul Carrion e Sofia Cavedon e Não os Vereadores Bernardino Vendruscolo, Claudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Elias Vidal, Elói Guimarães, Ervino Besson, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, José Ismael Heinen, Luiz Braz, Mario Fraga, Maristela Meneghetti, Mônica Leal, Nereu D'Avila, Professor Garcia e Valdir Caetano. Durante a apreciação do Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 024/05, os Vereadores Carlos Todeschini e Aldacir Oliboni cederam seus tempos de discussão, respectivamente, à Vereadora Margarete Moraes e ao Vereador Carlos Todeschini. Também, em face de Questão de Ordem e manifestação formuladas pela Vereadora Margarete Moraes, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca da impossibilidade de renovação da votação de matéria vetada. Em Discussão Geral e Votação Nominal, esteve o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 030/05, em sua parte vetada, o qual, após ser discutido pelos Vereadores Carlos Todeschini, Professor Garcia, João Carlos Nedel, Nereu D’Avila, Raul Carrion, Maria Celeste e Margarete Moraes, teve sua votação suspensa, em face da inexistência de quórum deliberativo. Às dezoito horas e um minuto, constatada a inexistência de quórum, em verificação solicitada pelo Vereador Professor Garcia, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Dr. Goulart e Luiz Braz e secretariados pelo Vereador Haroldo de Souza. Do que eu, Haroldo de Souza, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Há 14 Vereadores.

 

O SR. RAUL CARRION (Questão de Ordem): Sr. Presidente, a minha preocupação é que a segunda chamada é regimentalmente às 14h15min. Inclusive eu saí, por um compromisso, e me vi obrigado a retornar, porque já havia calculado vir às 14h15min. Eu acho que deveria ser mantida a norma regimental.

 

(Manifestação anti-regimental do Ver. Haroldo de Souza.)

 

O SR. RAUL CARRION: Eu acho que o Ver. Haroldo deveria ter modos durante a Sessão. Muito obrigado.

(Manifestação anti-regimental do Ver. Haroldo de Souza.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Srs. Vereadores, quero lembrar que, na reunião das Lideranças, se propôs uma maior densidade de trabalhos legislativos para a tarde de hoje. Só para esclarecer ao Ver. Carrion, a legislação interna diz que a nova verificação de quórum dar-se-á dentro de quinze minutos, não obrigatoriamente após quinze minutos. Obrigado.

Então, senhores Líderes, nós começaremos, após essa abertura dos trabalhos, a apreciar o que combinamos na reunião de Líderes.

 

O SR. ADELI SELL (Questão de Ordem): Gostaria de saber da Mesa qual é o procedimento quando houver uma solicitação, um Pedido de Providências, e esse Pedido for atendido. Por exemplo, a Verª Manuela fez uma solicitação a respeito da Rua Estácio de Sá, e o Diretor-Presidente do DEP acabou de me informar que a obra começou no dia 16 de março e termina na semana que vem. Qual é o procedimento?

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Vereador fez um pedido extemporâneo?

 

O SR. ADELI SELL: A Vereadora não estava informada de que a atividade começou no dia 16. Como é uma demanda da comunidade, o Diretor acabou de me informar que a obra começou. Qual é o procedimento que devo adotar?

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O que acontece é que o Diretor, Vereador, vai avisar a Mesa, que é quem faz esse Pedido de Providências em nome do Vereador. Ele nos avisa, e nós avisaremos a Vereadora.

Conforme reunião das Lideranças com a Mesa, esta Presidência aguarda Requerimento para inversão da Pauta. (Pausa.)

 

(É feita a entrega do Requerimento.)

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, acho que não pode haver inversão de Pauta, eis que há Projetos do Executivo que precisam ser votados com muita urgência, e, se invertermos a Pauta, não vamos cumpri-la, portanto acho que a Pauta deve correr.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, eu queria pedir licença a V. Exª para prestar um esclarecimento. Na reunião convocada por V. Exª, que é uma reunião institucional desta Casa, conformada pelo Conselho de Líderes de todas as Bancadas, nós fizemos uma análise da situação política dos Projetos em andamento e do acúmulo de trabalho que nós temos. Houve um consenso de todas as Bancadas presentes. Naquele momento, apenas havia se ausentado, por dois minutos, a Verª Sofia Cavedon, que também trabalhou conosco a manhã inteira. Houve unanimidade de todos os Líderes e da Mesa Diretora no sentido de que, nesta quarta-feira, abriríamos os trabalhos, todas as Bancadas usariam, querendo, as suas Lideranças, e nós faríamos um acordo com os Vereadores inscritos na Pauta para considerá-la uma Pauta corrida, a fim de que pudéssemos agilizar os Projetos de votação da tarde de hoje.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, eu não vou considerar a Pauta corrida e, se o Governo não tem interesse, eu também não tenho problema nenhum. Eu não vou considerar a Pauta corrida.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, eu reconheço o esforço das Lideranças em conseguir acelerar os trabalhos, mas, considerando que eu permaneci na reunião até meio-dia e quinze, não fui contada antes, nós já estamos preparados, os Vereadores se inscreveram em Pauta e Liderança, então gostaríamos de manter a ordem dos trabalhos, ainda mais que hoje será rápida a primeira parte.

 

O SR. MARIO FRAGA: Sr. Presidente, infelizmente eu faço justiça: na reunião de Líderes e Mesa, eu falei que o PT não estava e que seria difícil fazermos um acordo sem a presença do Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Tentamos, mas não conseguimos.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, eu sugiro que não façamos mais reuniões com os Líderes, para não decidir nada; deixamos tudo para decidir aqui. Quem sabe ali pelas quatro horas da tarde a gente chegue a uma conclusão.

 

O SR. ADELI SELL: O nosso Partido é mencionado, mas quem está discordando de correr a Pauta é um Vereador da base de Governo, não é a nossa Bancada. O que é isso?

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, eu quero que a Pauta corra. Não é muito interessante dizer que a Pauta deve ser corrida. Os Vereadores não precisam falar, porque chegam às duas horas, duas e dez, duas e quinze. A Pauta é importante, é um momento muito importante da Sessão. Depois nós vamos discutir Moções, mas não vamos discutir a Pauta. Eu insisto em que haja Pauta.

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Srs. Vereadores, em respeito à reunião de Líderes, coloco em votação o Requerimento de inversão da ordem dos trabalhos. (Pausa.)

 

O SR. MARIO FRAGA: Não sei se pode! Pode inverter a ordem dos trabalhos?

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Pode.

 

O SR. MARIO FRAGA: Então, nós pedimos votação nominal.

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Os Vereadores que estão de acordo com que se inverta a Pauta, conforme acordado na reunião de Líderes ...

(Manifestação fora do microfone. Inaudível.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Com exceção do Partido dos Trabalhadores, é verdade.

Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Mario Fraga, a inversão da ordem dos trabalhos. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) APROVADA por 10 votos SIM, 08 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO.

Declaração de Voto firmada pelo Ver. Raul Carrion (Lê.): “Abstenho-me porque havia o compromisso de comunicar e consultar a Bancada do PT, o que não foi concretizado.”

O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra em Tempo Especial.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Minha saudação, Sr. Presidente, Ver. Dr. Goulart; caros colegas Vereadores e Vereadoras, público presente e assistência da TVCâmara, hoje, 22 de março, comemoramos o Dia Mundial da Água. Venho a esta tribuna para fazer, nesses cinco minutos, o relatório da viagem que fiz, de maneira muito honrada, representando esta Casa, ao 4º Fórum Mundial da Água, realizado na Cidade do México, desde o dia 15, encerrando no dia de hoje, de maneira bastante entusiasta e bastante importante.

O Fórum Mundial da Água, como todos sabem, é um organismo do Conselho Mundial da Água, que é formado pelas grandes instituições em nível internacional, com destaque especial ao Banco Mundial, a alguns países como Canadá, França, seus Governos e, também, às grandes corporações, destacando o caso da Suez, que é uma empresa que pretende dominar, açambarcar o controle dos serviços de água e saneamento de todo o mundo. Estiveram presentes nesse Fórum cerca de dez mil participantes. O Fórum teve várias conformações, vários formatos e debates de inúmeras naturezas. Em paralelo ao Fórum oficial também ocorreu, como sempre ocorre em todos os eventos mundiais dessa envergadura, o fórum paralelo. E isso aconteceu três anos depois do 3º Fórum Mundial, do qual também tive a honra de participar representando o DMAE, a Prefeitura de Porto Alegre, em Kyoto.

E grandes debates se fizeram presentes. As grandes questões vieram de uma evolução do Fórum de Bonn, de 2001, no qual as consignas principais e as vontades do Poder eram a privatização da água. Consigna essa derrotada lá no 2º Fórum em Bonn. No 3º Fórum, de Kyoto, a intenção e o interesse eram a agenda da parceria público-privada. E, agora, mesmo mudando o discurso, mesmo admitindo, lá no México, a parte dos poderosos que controlam o Conselho Mundial da Água, especialmente o Banco Mundial e a Suez, a idéia é de que a água, as fontes de água sejam bens naturais, bens públicos, mas que os serviços podem ser controlados pelas empresas privadas. Essa é uma discussão que esteve muito presente em todo o Fórum.

Eu tive a oportunidade especial de participar de um fórum organizado pela Universidade de New Castle, com mais de quinhentos participantes, no qual a pauta foi exatamente esta: os serviços como direito humano fundamental, sim; isso é praticamente um consenso. Mas quem é que pode prestar? Na nossa opinião, que defendemos lá, deve ser sempre público. O Banco Mundial, a Suez, os poderosos e os Deputados da Europa defendem a água como um serviço que pode ser controlado pelas empresas da iniciativa privada.

Tive oportunidade também de participar do 1º Fórum Parlamentar dos Legisladores da Água. Era o único Parlamentar do Brasil, tendo a honra de estar representando esta Casa. E fizemos um belo debate, com a presença, Ver. Raul Carrion, de Senadores, de Deputados Federais de toda a América Latina, Europa, África e Ásia, e o tema foi justamente este: serviços de água públicos ou privados? E reafirmamos a idéia de que os serviços devem continuar sendo públicos e temos boas experiências aqui no Brasil, porque a água não deve se prestar à ganância e aos poderosos interesses da cobiça de meia dúzia.

E tenho aqui hoje, para comemorar, uma notícia, a qual recebo com muita alegria: a Argentina reestatizou a empresa de água e esgoto que havia sido privatizada no passado, uma vez que a presença da Suez significou um desastre para aquele País, para os trabalhadores, para os consumidores e para a Saúde Pública. Está aqui, Sr. Presidente, um Decreto do dia de hoje para comemorar o Dia Mundial da Água, do Presidente Kirchner, reestatizando a empresa de água da Argentina, tornando-a novamente estatal, depois do fracasso da privatização.

Esse, portanto, para concluir, é um tema fundamental e importante e diz respeito ao futuro da humanidade, sim; ao direito humano fundamental de acesso à água como bem-estar, como qualidade de vida e Saúde Pública, a água não deve se prestar à ganância e ao lucro, mas, sim, ao bem-estar das pessoas de todo o mundo. Muito obrigado por este espaço, pela oportunidade de poder estar comunicando. Um abraço, Presidente.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Muito obrigado pela colaboração a esta Casa.

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, toda a Casa conhece a minha posição em relação à Comunicação de Líder. Em geral não trazem nada de urgente ou assuntos inadiáveis, não são propostas ao Presidente, que deveria permitir ou não, e falam todos os Líderes. Gasta-se muito mais tempo com isso do que com o pronunciamento dos cinco Vereadores inscritos em Pauta. Levam mais de cinqüenta minutos; a exemplo do Ver. Todeschini, da apresentação que ele fez agora. Eu, neste momento, não tenho interesse sobre a desprivatização da água lá na Argentina. Eu tenho muito mais interesse nos 120 milhões de reais que o DMAE precisa. Isso é porto-alegrense, isso valeria uma Comunicação de Líder, mas eu não precisava fazer em Comunicação de Líder e também não aceitei não fazer a Pauta. Acho a Pauta o momento mais importante da Sessão, porque nós discutimos os Projetos que são apresentados, e os Vereadores, alguns, tomam conhecimento, porque existe Pauta.

Hoje eu queria mesmo é pedir, em 2ª Sessão de Pauta, urgência - e vou pedir -, para o PLE nº 012/06, que é uma operação de crédito de 16 milhões de reais, que precisa ser votado até o dia 30 de março.

São coisas que acontecem e que ou o Executivo vai perder, ou o DMAE vai perder, ou a Cidade vai perder. Mas nós vamos falar todos em Liderança e vamos ocupar muito mais tempo do que a Pauta. Por que os Líderes, que não chegam aqui às 13h30min, 13h15min para se inscrever em Pauta, não propõem que não se fale em Liderança, se não for assunto urgente e inadiável? É mais fácil propor que se retire a Pauta. E veja V. Exª que foi votada hoje a inversão, e não que a Pauta seja corrida. Portanto, nós não vamos fazer a Pauta hoje, mas o Executivo tem interesse que as três Sessões de Pauta corram. Mas nós temos que votar algumas Moções e alguns Requerimentos que não têm nenhum sentido, que não têm nenhuma necessidade. Mas não vamos fazer a Pauta, porque Líderes... Eu sou Líder e não concordei e não concordaria nunca com a retirada da Pauta, porque tenho convicção de que é um dos momentos mais importantes na Sessão, porque se discute, pura e livremente, matéria de interesse da Cidade.

Portanto, fica aqui o registro da minha indisposição, minha contrariedade com essa inversão e com o tempo que nós perdemos fazendo a inversão. Se tivéssemos entrado diretamente na Pauta, já a teríamos corrido, e não precisariam, então, os Líderes falarem. Mas os Líderes vão falar. Eu quero ver abrirem mão de falar na Liderança.

Eu vou ficar até contente, vou talvez achar que disse algumas palavras a mais, mas eu não concordo, eu não votei a favor de coisa nenhuma. Saúde e PAZ!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Excelência, explicando-lhe: levaremos em conta essa sua manifestação na próxima apreciação desse fato entre os Líderes. Mas o fato é que as Lideranças decidiram por isso, e o reflexo dessa decisão de Lideranças, lá na reunião, foi o que aconteceu aqui no plenário, que nós democraticamente abrimos esse instrumento para que a plenária decidisse a sua vontade, que era essa.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: O Presidente agiu corretamente, eu não tenho contrariedade ao Presidente. Saúde e PAZ, Presidente!

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado, Excelência. Levarei em conta a sua manifestação na próxima decisão lá naquele fórum.

O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, eu tenho uma comunicação relevante e gostaria que os Vereadores ouvissem o que eu vou ler, que é uma comunicação do Tribunal Regional Eleitoral (Lê.): “O Pleno do Tribunal Regional Eleitoral aprovou, nesta terça-feira, dia 21, a solicitação encaminhada pela Procuradoria Regional Eleitoral no sentido de notificar os diretórios regionais e municipais dos Partidos políticos para fazer cessar as propagandas, oriundas de eleições anteriores, que permanecem expressas em muros e fachadas de prédios. Dessa forma, as siglas receberão notificação prévia do Tribunal Regional Eleitoral estabelecendo o prazo de 15 dias para a remoção dessas propagandas irregulares em todo o Estado.

“O Procurador Regional Eleitoral, Dr. João Heliofar de Jesus Villar, salientou que, na hipótese de os Partidos não retirarem as propagandas que permanecem expostas indevidamente, as siglas, em decorrência da responsabilidade solidária, poderão sofrer representações do Ministério Público Eleitoral. Conforme o Procurador, o Código Eleitoral determina que os Partidos também são responsáveis solidariamente pelos excessos praticados por seus candidatos e adeptos”.

Era essa a comunicação, Sr. Presidente, acho que interessa à nossa população, especialmente a todos os Vereadores. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Muito obrigado, Vereador.

Resumindo: os Vereadores que serão candidatos ao cargo de Deputado deverão apagar em 15 dias os seus muros de campanhas anteriores. Essa é a colaboração que o Ver. Nedel nos traz. Os muros de quem concorrer nessa próxima eleição deverão ser apagados.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON (Requerimento): Sr. Presidente, entrego em suas mãos, em nome da Frente Popular, um Requerimento assinado pelos Líderes de três Partidos - Verª Maristela Maffei, Ver. Raul Carrion, Verª Sofia Cavedon - e demais Vereadores da Bancada do Partido dos Trabalhadores - Ver. Carlos Todeschini, Ver. Mauro Pinheiro, Ver. Aldacir Oliboni, Ver. Carlos Comassetto e Verª Maria Celeste. Tenho certeza de que a Verª Margarete Moraes deverá assinar também neste momento e também a Verª Manuela d’Ávila, do PCdoB.

Trata-se de um Requerimento de representação do nobre Ver. Luiz Braz, relativo à condução dos trabalhos na Sessão do dia 13-03-06. Este Requerimento, que gera esta representação, solicita a abertura de procedimento disciplinar, na forma de Comissão de Ética, para apurar a condução dos trabalhos no exercício da Presidência e a conseqüente suspensão da possibilidade desse exercício referente ao nobre Vereador. O que argumentamos no Processo, que não lerei porque é extenso, é que, em primeiro lugar, o objeto, ou o Projeto a ser votado, o Requerimento a ser votado não constava da Ordem do Dia e foi, na verdade, apregoado pelo Presidente dos trabalhos, Ver. Luiz Braz, no mesmo dia da Sessão. Em segundo lugar, havia necessidade de um Requerimento, porque ele, além de não constar, se constasse, não seria o primeiro, pois ele fora apregoado naquele dia. Deveria ter-se encaminhado um Requerimento para votação neste Plenário, o que não foi feito, e, também, o Vereador era co-autor do Requerimento, portanto não deveria presidir os trabalhos.

É nesse sentido que essas Bancadas encaminham um pedido de avaliação por parte desta Casa, na forma de Comissão de Ética. Obrigada.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO (Requerimento): Eu gostaria de comunicar o falecimento do empresário do mercado imobiliário, Diretor da Agademi-Secovi, Diretor do Secovi-Med do Rio Grande do Sul, Sr. Léo Antão Rigon, pessoa conhecidíssima nesta Cidade. Ele foi enterrado ontem. Gostaria de fazer este registro e solicitar que façamos um minuto de silêncio.

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Senhores e senhoras, um minuto de silêncio, a pedido do Ver. Bernardino.

 

(Faz-se um minuto de silêncio.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Exmo Ver. Dr. Goulart, demais Vereadores, Vereadoras, nós queríamos, nesta tarde, registrar o que entendemos ser um fato de caráter simbólico muito importante, Verª Maria Celeste. No dia de ontem, eu me ausentei da Cidade para participar da 15ª sessão da Comissão de Anistia, em Brasília, presidida pelo Dr. Marcelo Lavènere, ex-Presidente da OAB, que, aliás, encabeçou o abaixo-assinado pelo impeachment de Collor.

A minha prisão - arbitrária - ocorreu no dia 28 de maio de 1971, sem qualquer ordem judicial; fui remetido para o DOPS, massacrado pelos agentes policiais do então Departamento de Ordem Política e Social, durante dez dias fui torturado em Porto Alegre e depois remetido para o maior centro de tortura clandestina deste País, Ver. Dib, a Oban - Operação Bandeirantes -, mantida por multinacionais em São Paulo, na Rua Tutóia. Depois de mais de cerca de quarenta dias nesse centro de torturas, voltei a Porto Alegre, retornando de imediato para a tortura e liberado por falta de provas, uma vez que era acusado de ser o secretário de organização do PCdoB no Rio Grande do Sul, fui ameaçado, Dr. Goulart, inclusive de morte, pelos agentes policiais que seguiram me perseguindo. Diante desses fatos, perdi o emprego no dia 29, Verª Manuela - tendo sido preso dia 28 -, perdi a possibilidade, Ver. Elói, de continuar os meus estudos de Engenharia Química e de Química, obriguei-me ao exílio, à clandestinidade e só pude retornar a Porto Alegre, Ver. Bernardino, em 1979, com a Anistia, e reiniciar a vida normal.

Apesar de a Anistia ter sido aprovada em 1979, é importante dizer que os criminosos é que foram anistiados, e os criminosos não eram as lideranças como eu, que lutavam pela democracia, que lutavam pela redemocratização do País; os criminosos eram os torturadores, como o Delegado Pedro Seelig, aqui no DOPS, como o Inspetor Nilo Hervelha, que também esteve envolvido no seqüestro de Lilian Celiberti e de seu esposo. Enfim, na verdade os anistiados foram eles, mas vindo a Anistia em 1979, vindo na Constituição de 1988 a decisão de que deveriam ser reparados esses crimes, somente no dia de ontem, Ver. Oliboni, o Estado, no caso a União, reconheceu os crimes cometidos, não contra a minha pessoa, eu aqui sou um fato simbólico, mas contra um desses lutadores que enfrentaram o regime militar. (Palmas.)

Nesse sentido é que tem simbolismo, e, por unanimidade, a turma que se reuniu, no dia de ontem, decidiu: primeiro, declararem a minha situação de anistiado; segundo, considerar os oito anos, quatro meses e dezoito dias em que estive impossibilitado de trabalho e de estudo neste País, por lutar pela liberdade, por lutar pela soberania, por lutar pelos direitos do povo, para efeito da minha aposentadoria. Sem essa decisão, dificilmente, Verª Sofia, alguém como eu - e tantos outros - poderia se aposentar neste País. Foi também reconhecido o direito de eu retornar ao curso de Engenharia Química da Universidade Federal. Evidentemente, isso não terá mais efeito, mas tem um valor simbólico. Foi decidida também uma compensação monetária para quem perdeu o direito de ser engenheiro químico, químico e professor, no valor de 2 mil e 202 reais mensais, e foi também reconhecido o meu curso de Eletrônica na Argentina quando lá estive exilado.

Na mesma sessão, Ver. Dib, também o ex-Vereador desta Casa Lauro Hagemann foi reconhecido e anistiado. Ele, que foi cassado quando era Deputado Estadual, esteve dez anos com os direitos políticos suspensos e também será considerado anistiado e terá uma compensação sobre isso.

Existem, Ver. Dib, 55.000 processos, dos quais há ainda mais de 10.000 para serem julgados. É essa a amplitude do terrorismo de Estado que este País viveu, Ver. Elói - que foi um combatente também pela redemocratização do País!

Então, eu relato esses fatos não com orgulho pessoal, devo dizer, de ter sido linha de frente nesse combate e de ter sofrido todas as conseqüências - perda de emprego, suspensão de estudos, prisão, tortura e exílio -, mas para dizer que eles passaram, a democracia veio, e o povo, hoje, tem direitos conquistados por essa luta. O Estado brasileiro começa a reconhecer os crimes e começa a reconhecer os direitos daqueles que tanto sofreram sob o regime militar.

Eu não poderia deixar de, neste dia, comentar esse fato, Ver. Ervino, que também é um democrata - o PDT também sofreu na carne -, e dizer que, com isso, foi o povo brasileiro que obteve uma vitória. Coincidentemente, um ex-Vereador, o Ver. Hagemann, e este Vereador que está na tribuna... Foram 25 processos julgados, 11 considerados improcedentes - alguns dizem que é “a farra do boi”, mas não é “a farra do boi”, não -, e 14 obtiveram anistia. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Srs. Vereadores, o Presidente desta Casa, diante do importante fato de que os Vereadores Raul Carrion e Lauro Hagemann ontem foram anistiados, faz a sua menção ao acontecimento neste momento. É importante, conforme ressaltou a Verª Manuela, que dois Vereadores desta Casa, Raul Carrion e Lauro Hagemann, tenham sido anistiados.

(O Ver. Luiz Braz assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Ver. Luiz Braz, na presidência dos trabalhos; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, este País está atravessando um dos momentos mais sensíveis da sua história, em diversos aspectos. Mas um deles chama a atenção gritantemente: o fato ocorrido com um cidadão chamado Francenildo; a quebra do seu sigilo bancário é um dos fatos mais graves, sob o ponto de vista da cidadania, ocorrido nesta Nação. E seria grave omissão deste Parlamento ou daqueles que estão atentos ao que ocorre com os direitos e as garantias individuais da Constituição de 1988, que foi chamada Constituição Cidadã... E os jornais de hoje noticiam que veio do Gabinete do próprio Presidente da Caixa Econômica a ordem para a quebra do sigilo bancário daquele cidadão.

É muito estranho pois, quando se pediu em uma CPI, oficialmente, a quebra do sigilo de um cidadão que preside o Sebrae, só porque ele foi amigo desde os tempos de metalúrgico, em São Paulo, do atual Presidente da República, as dificuldades foram imensas, e até hoje não foi quebrado o seu sigilo, nem bancário, nem telefônico, nem fiscal. Agora, quando se trata de uma humilde pessoa, na ânsia de desmoralizá-la, porque ela fez graves acusações - aliás, acusações que foram ratificadas por mais duas testemunhas - de que o Ministro da Fazenda fora visto numa mansão em Brasília, duas coisas aconteceram: uma, evidentemente sob a égide do Supremo Tribunal Federal - estranha-se, mas se respeita, porque com a Justiça se pode discordar, mas temos que cumprir -, foi impedir o cidadão de depor quando ele estava fluentemente depondo contra o Ministro na CPI. Mas o mais grave, gravíssimo, é a violação dos direitos e das garantias individuais constantes nas sete Constituições do Brasil, e a de 1988 consagrou-os de forma absolutamente irrepreensível. E dizem que estamos vivendo um momento de grande democracia neste País, das liberdades que devem ser asseguradas.

Então, não se está discutindo se o cidadão estava falando a verdade, parece que estava; se o cidadão era de classe média ou de classe mais humilde, não! E o próprio Presidente pediu - vou fazer justiça, porque nessa o Presidente Lula não se omitiu, nessa ele merece ser citado - que fosse averiguada essa quebra de sigilo. Para aqueles que vivem enchendo a boca do resguardo da nossa cidadania, dos nossos direitos individuais, esse direito da privacidade do cidadão e da cidadã brasileira é um dos mais fortes daqueles direitos que resguardam o exercício da nossa própria vida. À nossa revelia, sem o nosso consentimento, violentando-se esses direitos constitucionais consagrados em todas as constituições, de repente, como é que se obteve a senha ou como se violentou? E veio da Caixa Federal, uma das mais fortes instituições da Nação brasileira.

Então não pode, num Parlamento de uma Cidade das mais importantes deste País, como é Porto Alegre, num Parlamento deste porte, num Parlamento desta estatura, num Estado que lutou, inclusive, dez anos pelos seus direitos, em 1835, dizer que não se lê jornal, que não se vê, que tudo passa em branco e que tudo pode se transformar em “pizza”.

Nós esperávamos e achávamos que estávamos vivendo, efetivamente, um momento ímpar na segurança dos nossos direitos, mas, de repente, uma instituição do porte da Caixa Federal infringi um direito sagrado, que é o direito à privacidade! Por que era uma pessoa humilde? Por que era uma pessoa que tinha questões de paternidade? Não, a intenção foi desmoralizá-lo, foi para dizer que ele, com aqueles 25 mil reais depositados, estava a serviço de alguém, sendo pago para depor contra o Ministro da Fazenda. E aí o tiro foi no pé, aí a repercussão foi maior. E hoje toda a Nação, todos os noticiários do centro do País e os daqui falam nessa infringência das garantias e dos direitos constitucionais em cima do Sr. Francenildo.

E eu aqui levanto a minha voz em nome da Bancada do PDT. E eu, particularmente, tive também - e parabenizo o Ver. Raul Carrion pela volta das suas regalias, do que ele obteve e que hoje resgatou - o privilégio de, no velho MDB, quando muitos se atiravam embaixo da cama, muitos da esquerda, por medo da Revolução, muitos que foram ícones do PT aqui no Estado, com artigos escritos e foram até Secretários do Município, eu honradamente tive o privilégio de lutar pela volta da democracia e dos plenos direitos e garantias constitucionais, que foram agora, infelizmente, violentados nesse fato envolvendo esse senhor chamado Francenildo.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): A Verª Maristela Maffei está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores, gostaria de citar quatro acontecimentos importantes.

Em primeiro lugar, quero cumprimentar o Ver. Raul Carrion, simbolizando todos os que lutaram e que tão pouco reconhecimento tiveram, inclusive financeiro, por tudo aquilo que perderam, mas parabéns por tudo aquilo que fizeram por nós!

Segundo, eu queria desejar boas-vindas à nossa grande companheira Margarete Moraes, que está passando um momento difícil em sua vida, com o nosso querido Caio; que Deus mande muita energia e força para ele. E quero parabenizá-la, porque aqui foi feito um relato pelo Ver. Comassetto das denúncias envolvendo CCs do “Partido da Mudança”, sobre a questão das horas extras. Isso foi um mérito do seu gabinete, portanto quero parabenizá-la.

A outra questão é lembrar que o dia 21 de março foi o Dia Internacional contra Discriminação Racial, é importante pontuar e lembrar essa data na Casa. E hoje nós temos o Dia Internacional da Água. Em relação a isso, eu gostaria de ler, rapidamente, mais um versículo sobre a questão que foi tão debatida ultimamente, que é a questão da Aracruz; tão sagrada e santa Aracruz, instalada aqui no nosso querido Brasil.

E justamente hoje, no Dia Internacional da Água, a Rede Globo, pela manhã, mostrava que, em pouco tempo, o mundo vai se defrontar com uma grande guerra internacional na luta pela disputa da água, que hoje é um produto tão valioso quanto o petróleo. E nós, aqui no Brasil, criminalizamos... E eu quero novamente citar para que os jornais compreendam bem que não sou favorável ao método, mas, quando há um monólogo, porque nós sentamos à mesa, Ver. Luiz Braz, e fizemos um monólogo, porque quem tem o poder, geralmente, não quer dialogar... Aí é fácil dizer que, às vezes, não se utiliza algum outro método.

Eu queria ler uma parte da carta daquelas mulheres que fizeram aquele ato na Aracruz (Lê.): “A tendência da maioria do povo brasileiro é de assistir passivamente àquilo que é passado pela imprensa como se fosse a verdade absoluta. Como mulheres, compartilhamos a idéia de que toda fêmea, quando toma consciência” - Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras - “que sua cria corre perigo, luta de todas as formas para defendê-la e garantir a sua vida. Toda árvore nativa, quando se sente ameaçada, em seu último ato busca todas as forças para dar continuidade à sua espécie, florescendo e dando muitos frutos e sementes antes de se entregar e morrer. A mulher camponesa, como ser pensante, ao tomar consciência da ameaça que pesa sobre a vida de seus filhos e filhas e do próprio Planeta, se organiza e, de forma coletiva, age decididamente, construindo possibilidades de sobrevivência. Toda forma de luta em defesa da vida da maioria das pessoas e da natureza é legítima, embora, muitas vezes, não seja legal, já que em nossa sociedade o Estado é organizado a serviço do capital, e as leis existentes são para preservar a propriedade privada.

“O objetivo da ocupação era denunciar o impacto social e ambiental provocado pela monocultura de eucaliptos. As mulheres militantes da Via Campesina que entraram no hortoflorestal não foram lá para estragar, mas para evitar grandes estragos que já estão sendo causados pelo cultivo de eucalipto em algumas regiões...”

Se há luta pela água e pela soberania de um Estado - e nós soubemos que, em pouco tempo, haverá guerra na disputa pela água -, por que o Governo brasileiro permite que o eucalipto e o pínus sejam plantados indevidamente? Até porque 90% do que é produzido no Brasil vai para os Estados Unidos, por isso ele é chamado de latifúndio verde. E a UDR urbana e rural, hoje com um aparato paramilitar fortíssimo, não é noticiada na imprensa da mesma forma banalizada como ocorreu com esse movimento social, que encarou e reagiu.

A cobrança desta Vereadora, com a responsabilidade que tem, não é entrar no mérito se a ação foi certa ou errada. Isso a sociedade vai julgar. A cobrança é no sentido de esclarecer por que a Aracruz não teve o mesmo espaço na imprensa uma semana antes e por que os neoliberais de plantão, inclusive desta Casa, não denunciaram a expulsão de duas tribos no Espírito Santo, porque a Aracruz, junto com a Polícia Federal, os expulsaram de lá. É essa forma de fazer um jornalismo inconseqüente, formador de opinião, que eu estou cobrando. Isso é inaceitável, porque a população tem de ter o direito de formar a sua opinião. Se foi errado o que elas fizeram, também é errada a forma como esse latifúndio verde está sendo plantado neste País. Muito obrigada.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Ver. Luiz Braz; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, eu entendo que a manifestação contrária dos Vereadores e das Vereadoras à Moção de Repúdio à Aracruz, em relação àquele verdadeiro atentado, àquela insanidade, foi coerente. Acho que aqueles Vereadores e Vereadoras que apoiaram a ação procederam coerentemente. E é bom que se demarquem os terrenos e as posições, e que nos tornemos públicos a tantos quantos acompanham o desenvolvimento da vida brasileira. É preciso que nos mostremos pelas nossas ações e pela maneira de ver as coisas e o mundo.

Eu quero declarar, e já o fiz, que aquela ação bárbara desencadeada sobre laboratórios científicos de uma empresa que desenvolve tecnologias objetivando o desenvolvimento florestal do nosso Estado, uma empresa desse porte, uma empresa dessa natureza, não foi um atentado à empresa, basicamente. No meu entender, houve um atentado à democracia. Mas o que é democracia? Democracia é o regime da liberdade e da lei. Se eu não me enquadrar na lei, Vereador-Presidente, eu estou ferindo os princípios democráticos. Agora, eu posso me colocar em outra posição: eu não aceito o status existente, o status democrático e, como tal, passo a desempenhar ações que têm conteúdo, na minha opinião, revolucionário. Porque uma coisa é a reforma, e nós temos de diferenciar essas concepções. Eu, por exemplo, entendo e quero uma reforma no sistema jurídico-administrativo brasileiro, para que o povo tenha mais acesso aos bens, à propriedade, etc. No entanto, eu não partidarizo da revolução. Os atos que se observaram são revolucionários, e a sociedade, como um todo, os condena.

Então, eu concluo, Presidente, dizendo que aqueles que viram na ação contra a Aracruz um ato defensável foram coerentes. Eu, por exemplo, condeno esse tipo de ato, mas é bom que as posições se clarifiquem.

Eu pretendia, não fora a manifestação anterior à minha fala, referir-me a outra temática, mas não poderia deixar transitar in albis, dada, a meu juízo, a falta, vamos dizer assim, de compreensão para uma situação tão séria, como a que ocorreu em nosso Estado, que é a questão ligada à violação de direitos e garantias individuais constantes na Constituição, de um caseiro de uma casa da qual o Sr. Ministro da Fazenda do País era freqüentador assíduo. Olha, a Caixa Econômica Federal é subordinada ao Ministério da Fazenda, e a denúncia que o caseiro fez era contra o Ministro da Fazenda. Então, há melhor silogismo do que esse? A conclusão é clara, Vereador-Presidente, esse silogismo é perfeito. Se nós examinarmos as premissas, o silogismo é claro, a conclusão é perfeita! O Sr. Ministro mandou, inquestionavelmente, violar, verificar o saldo da conta bancária do caseiro. Mas isso fere a democracia e o regime de direito, o regime de liberdade, o regime da lei. Ou nos submetemos ao regime da lei, ou mergulharemos, como já mergulhamos, no regime da excepcionalidade.

E hoje tivemos um exemplo vivo aqui, trazido pelo Ver. Carrion: quando mergulhamos nas trevas do regime da ditadura, do regime excepcional. E o que acontece hoje? Acontece, exatamente, a violação daquilo que condenamos, que é a violação da respeitabilidade à lei, à democracia e à liberdade das pessoas. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): A Verª Maria Celeste está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Ver. Luiz Braz; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, eu ocupo este espaço de Liderança, num primeiro momento, para fazer uma saudação muito especial, da nossa Bancada, o Partido dos Trabalhadores, ao Ver. Raul Carrion, que fez o relato da sua anistia, ontem julgada em nosso País. Também quero dizer que a garantia de direitos - algo que o Ver. Raul vem propor aqui e que não é uma regalia que lhe foi concebida - nos faz pensar, de fato, sobre qual é o direito instituído em nosso País. E o Ver. Raul Carrion lembrou muito bem o período por que passou, o quanto ele lutou pela democracia em nosso País. A fala do nosso querido companheiro Raul Carrion nos fez refletir e nos fez lembrar de nomes, também importantes, que viveram naquele período trágico da nossa Nação, como os dos companheiros Raul Pont e Flávio Koutzii.

Num segundo momento, eu gostaria de colocar a nossa preocupação com o descaso com que o Governo do Estado vem se posicionando frente a dois problemas especiais no Rio Grande do Sul nesse momento. O primeiro é a greve dos professores, que se mantêm em prontidão, que se mantêm otimizando os poucos recursos que têm na manutenção de uma solução para esse impasse já ocorrido desde o início do mês - e já se vão vinte dias de paralisação. Os professores querem que se anuncie uma proposta de aumento de índice em maio, é só isso que os professores querem. Pasmem, eles querem a proposta, e o Governo, truculento, está ali dizendo que só em maio dará essa proposta à categoria. Isso muito nos preocupa, porque qual é a posição do Governador? Afasta-se do Governo do Estado para concorrer a uma prévia interna do seu Partido, fazendo o que vimos pelos jornais: uma grande campanha em nível nacional, projetando-se em nível nacional para disputar, quem sabe, a Presidência da República, ignorando os problemas do Estado do Rio Grande do Sul, porque tudo o que acontece no Estado do Rio Grande do Sul “é problema do Governo Federal pelo não-repasse de verbas”, é esse o discurso que ouvimos nestes quatro anos do Sr. Governador, que se joga numa prévia interna, que é mais importante para a sua carreira política e para o seu Partido do que governar de fato o Rio Grande do Sul. Nós assistimos, nestes quatro anos de Governo Rigotto, a uma total ausência e incapacidade de gestionar o nosso Estado. E não é só na Educação o descaso; se lembrarmos a questão da Segurança Pública, então o caos é completo.

E os professores cansaram de esperar, porque este Governo não está nem aí, nem para o funcionalismo, nem para a Educação, nem para a Saúde, nem para nada neste Estado! Interessa uma candidatura à Presidência da Nação, é isso, de fato, o que acontece com o nosso Governador.

Há um total descaso do Governador Rigotto em relação à Segurança Pública, e aqui trago apenas um exemplo, um exemplo que nos dói muito, porque relata a morte de um jovem, do Carlos Eduardo de Sá, na semana passada. A Verª Margarete Moraes fez uma carta ao Secretário de Segurança e Justiça do nosso Estado que sequer foi respondida ainda. Mas aqui a comunidade organizada já apontava, anteriormente a essa morte, os problemas ali ocorridos e pediam providências em relação ao que estava acontecendo na Praça das Nações Unidas. E, preocupada com o aumento da violência, sobrou apenas a indignação, porque o Secretário de Segurança Pública também não está preocupado com o Estado: está-se licenciando para concorrer a Deputado Federal. Esse é o descaso, esse é o compromisso do Governador Rigotto em relação ao nosso Estado neste último período; aliás, nestes últimos quatro anos.

Eu pergunto: de quem é a responsabilidade com a categoria do Magistério em nosso Estado? Ninguém sabe informar, ninguém consegue negociar. É preciso a intervenção, por vezes, da Presidência da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul para que, de fato, se abram negociações, e, até agora, isso não aconteceu.

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Para concluir, Vereadora.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Tendo em vista a tolerância, nobre Vereador-Presidente, para com a oradora anterior, eu quero concluir perguntado: de quem é a responsabilidade pelo caos estabelecido no Rio Grande do Sul? De quem é a responsabilidade em relação ao funcionalismo público, aos professores e, sobretudo, em relação à Segurança do Estado do Rio Grande do Sul? E, companheira Verª Margarete Morais, de quem é a responsabilidade pela morte desse jovem lá na Praça das Nações Unidas? Muito obrigada, Sr. Presidente.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): A Verª Clênia Maranhão está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu gostaria, em nome do meu Partido, o PPS, recolocar desta tribuna uma série de avanços, uma série de conquistas que a nossa cidade Porto Alegre teve no ano de 2005.

Nós recebemos - todos os Vereadores devem ter recebido - este simples material com as prestações de contas dos diversos órgãos da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. (Mostra o fôlder.) Estamos distribuindo o material para os Vereadores, caso alguém não tenha recebido ainda. Nós poderíamos destacar inúmeras questões, mas, seguindo a apresentação do documento, em que são divididos os capítulos em quatro eixos, eu queria me reportar às conquistas da nossa Cidade que refletem bem o conceito, a concepção, do nosso trabalho, do Governo José Fogaça, que é expresso na frase “Preservando conquistas e construindo mudanças”.

Apesar de termos recebido a Prefeitura de Porto Alegre com um déficit de três anos seguidos, o ano de 2005 foi um ano em que conseguimos recolocar o Município de Porto Alegre num patamar diferenciado, com o ajuste das suas contas, sem que esse ajuste tivesse retirado um direito sequer ou uma conquista sequer das áreas fundamentais para a população que mais precisa, que são as áreas da Saúde, Educação e Assistência.

Mas eu queria, ainda, falar sobre esse primeiro eixo do Relatório, que trata da ampliação e qualificação do processo democrático de Porto Alegre. Queria me referir ao cumprimento e à aplicação dos recursos apontados no Orçamento Participativo. E queria lembrar, aqui, ao Ver. Adeli Sell que o ano de 2005 foi o ano da maior participação dos delegados com poder de decisão para definir as prioridades do OP, quando pudemos atender ao cumprimento das metas, aplicando recursos para áreas como a da FASE e de regiões da Cidade que necessitam, urgentemente, de atenção, como a região das Ilhas, da Restinga e da Lomba do Pinheiro.

Queria, ainda, registrar como extremamente positivos o crescimento e essa sinergia existente entre a Prefeitura de Porto Alegre e os diversos segmentos organizados da nossa Cidade. Trata-se de uma experiência plural, democrática, criativa, que tem sido expressa por meio das reuniões não apenas do Orçamento Participativo, que cresce e continua sendo acompanhado, inclusive, pelo Banco Mundial, mas também pela ampliação, criação de novos mecanismos de democracia que estão sendo implantados na nossa Cidade, como as Governanças Solidárias Locais e o Observatório de Porto Alegre, fazendo com que Porto Alegre, hoje, seja o centro dessa rede internacional que trata dos observatórios mundiais. Nós acabamos de ter aqui representantes de vários países, de vários continentes, inclusive a presença da União Européia, para conhecer esses novos instrumentos, que qualificam a participação dos nossos munícipes e das nossas munícipes.

Quero ainda lembrar a importância dos Fóruns Regionais de Justiça e Segurança, para os quais eu convido todos os Vereadores a participarem; são momentos importantíssimos de debate, de discussões e de ações preventivas na área da Segurança Pública. Dos fóruns que aconteceram em nossa Cidade, com todas as regiões, totalizaram-se 110 reuniões, além dos seminários temáticos. E poderia falar dos Fóruns Regionais de Planejamento, que foram qualificados através da aplicação da tecnologia, com a presença da PROCEMPA.

Eu fiz questão de resgatar esse item do nosso documento, porque Porto Alegre é uma Cidade que, nesses mais de duzentos anos da sua história, se conformou como um modelo de participação da sua população, das mulheres e dos homens do nosso Município. E cabe a nós, que estamos nos Poderes instituídos, no Legislativo e no Executivo, não abrirmos mão da nossa responsabilidade, do nosso papel institucional, cabe nos aliançarmos na ausculta do que, efetivamente, é o objeto do nosso trabalho e para quem devem se direcionar as nossas ações e a nossa política pública: o povo do nosso Município, que são as mulheres e os homens de Porto Alegre.

 

(Não revisado pela oradora.)

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. José Ismael Heinen está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOSÉ ISMAEL HEINEN: Exmo Sr. Presidente desta Casa, nobre Ver. Luiz Braz; Exmos Vereadores, Exmas Vereadoras, nobres amigos que nos assistem, telespectadores da TVCâmara, muitas coisas, Sr. Presidente, se acumulam na nossa vontade, armazenam-se na nossa memória, e as trazemos para debate. Eu ouvi a nobre Líder, representando a Liderança do PT, chamando de truculento o Governo do Estado, e não tenho procuração para defendê-lo. Mas eu quero lembrar aos nobres Pares que o aumento para os professores, que tanto foi cobrado pela nobre Vereadora, nos sensibiliza, porque há muito tempo estão devendo para eles um salário condizente com a sua função - não apenas o Governo Rigotto, também o Governo Olívio Dutra e todos os Governos que passaram pelo Estado do Rio Grande do Sul.

Truculência, meus senhores, eu quero dizer que é o que acontece com o nosso Governo Federal. Parece-me que Porto Alegre está isolada de Canoas, que não existe um Trensurb ligando Porto Alegre, Canoas e a Grande Porto Alegre. Se houvesse aumento das tarifas dos ônibus mesmo nos limites da inflação, com certeza, como já aconteceu, teríamos quebra-quebra de ônibus, trincheiras chamando a atenção da população nacional e internacional. Mas a tarifa do Trensurb, meus amigos, em março do ano passado, Sr. Presidente, custava R$ 0,75 e, em abril, subiu para R$ 1,10. Um aumento na média de 50%, enquanto que a inflação era menos de 10%. Neste ano, novamente, uma Medida Provisória, seja lá o que for, uma Resolução, passa de R$ 1,10 para R$ 1,40 - uma média de 30% de aumento, meus senhores, com uma inflação em torno de 5%. Se isso ocorresse com o serviço público municipal ou estadual, eu tenho certeza de que a Bancada da oposição estaria com um discurso diferente. O trabalhador não pode usar mais o Trensurb? Ou o salário do trabalhador aumenta em 50%, 30%? Então vamos devagar com o andor e vamos ser coerentes. Para que possamos cobrar, temos que, quando estamos no Poder, fazer aquilo que cobramos.

Sr. Presidente, quero também chamar a atenção para o direito do cidadão legal, do cidadão que paga imposto, do cidadão que trabalha, do cidadão que investe o seu dinheiro: as microempresas de Porto Alegre. Nós encaminhamos um Pedido de Providências, mas eu quero reforçar, de público, a nossa desconformidade com o que vemos lá na Av. Azenha, um ponto tradicional onde levávamos os nossos carros quando acontecia alguma avaria ou quando tínhamos de comprar alguma peça. Hoje está quase impossível chegarmos àquelas lojas da Azenha para comprar uma peça para os nossos carros ou fazermos alguma coisa. A calçada está tomada, contrariando a lei municipal, contrariando a lei estadual, contrariando o direito do cidadão que paga seu imposto para poder fazer o seu negócio.

Então, quero sugerir, daqui, que se mantenha ao menos uma fiscalização diária, já que o estacionamento é por trinta minutos, e os carros ficam duas, três horas para arrumar alguma peça. Então, a sugestão ao nosso Secretário Municipal da Indústria e Comércio, ao nosso Secretário Kevin Krieger, da Segurança Urbana, é de mantermos ali uma fiscalização permanente, cobrando o que diz a lei, para que aqueles que a cumprem possam estar abrigados por ela, para que possam vender e, assim, pagarem os seus impostos, seus aluguéis e terem a remuneração do seu capital.

Eu vou, sistematicamente, chamar a atenção sobre esse ponto da Azenha, a fim de que tomemos as providências, deslocando aqueles cidadãos que lá ficam à margem, na frente das lojas, para que, talvez, façam esse trabalho - que eles sabem fazer - num local apropriado, que é nas oficinas mecânicas, um negócio legal e caracterizado. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Ibsen Pinheiro, que muito tem nos ajudado com suas orientações quando as solicitamos, está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. IBSEN PINHEIRO: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, escutei com atenção a Verª Maria Celeste e confesso que me surpreendi, porque o seu temperamento, em geral ameno, ficou arrepiado quando tratava da greve do Magistério. A greve, nós reconhecemos, é um confronto, é um conflito, e é natural que se exacerbem alguns ânimos, mas as Lideranças precisam-se conter. A Verª Maria Celeste é uma Líder, e a contenção de linguagem é fundamental para que nós compreendamos a dificuldade de entendimento de negociação com uma categoria profissional que, primeiro, decreta greve e, depois, pede a negociação. A greve é a culminância de um conflito nas relações de trabalho e não o gesto inicial. A greve é a falta de outro caminho e não a primeira porta.

Ora, as lideranças do Magistério, primeiro, decretaram a greve e, agora, querem decretar que o Governo negocie. Não é preciso decretar, o Governo Rigotto, com ele próprio ou com o Vice-Governador à testa, é o Governo da conciliação, da paz de espírito, da boa vontade na convivência. Aliás, esse é o traço distintivo e mais importante do Governo Rigotto. Até porque é difícil apresentar uma obra administrativa num Estado que Rigotto recebeu absolutamente quebrado. Então a obra de conciliação e convivência é o traço mais importante.

No entanto a gente percebe, em algumas lideranças do Sindicato dos Professores, uma atitude partidarizada - politizada não faria mal, mas partidarizada faz mal -, tão partidarizada que “não tugiu nem mugiu” no Governo Olívio Dutra, embora nada tenha ganho, neste Governo, para a categoria. Ora, a partidarização retira a autoridade moral. E, quando alguém se oferece para intermediar, sofre agressões até físicas, como ocorreu com o Deputado Luiz Fernando Záchia, que, oferecendo-se para a intermediação, sofreu agressões verbais e ameaças de agressão física. Então, é evidente que a busca do conflito foi a motivação das lideranças sindicais. Não é esse o estado de espírito da categoria dos professores, e todos nós temos professores e professoras na nossa biografia, na nossa vida afetiva, desde a primeira infância até os anos tardios.

Então, todos nós identificamos, primeiro, a justeza da reivindicação dos professores; segundo, identificamos que a imensa maioria da categoria dos professores é sensível também para as dificuldades do Estado do Rio Grande do Sul. Não há quem não perceba que o nosso Estado compromete, com o custeio e as folhas de pagamento dos servidores ativos e inativos, quase 100% da receita, com a capacidade de investimento muito próxima do zero. Então, há uma noção perfeita das dificuldades. E o Governo não se nega a negociar, mas ele diz os termos aos quais está adstrito; por exemplo, a possibilidade de, no mês de maio, oferecer números que possam ser discutidos com a liderança, mas não tem condições de oferecer em março, não tem condições de oferecer em abril. São termos de negociação. Só o fato de o Governo dizer que cogita aumentar em maio é termo de negociação, sim, senhor; sim, senhora. É termo de negociação.

Agora, a partidarização dos movimentos sociais é que produz um grave dano aos movimentos sociais. Governo está aí para levar pancada, não faz mal. Governos estão expostos. Mas, quando uma categoria social partidariza a sua posição, ela, primeiro, faz oposição - o que aparentemente é bom -, depois ela se “apelega” - o que seguramente é péssimo.

Então, é bom que as lideranças políticas percebam que o Rio Grande vive hoje um clima de convivência no qual a radicalização de posições, felizmente, está adstrita a esta tribuna e a algumas outras tribunas minoritárias. Por isso que o grande mestre mineiro nos ensinava: “Nos regimes democráticos, maioria vota, e minoria chia”. Chia, berra e grita. É papel de minoria raivosa; não fica bem na Verª Maria Celeste. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado, Excelência.

 

A SRA. MARIA CELESTE (Requerimento): Sr. Presidente, eu solicito ao nobre Ver. Ibsen Pinheiro que retire das notas taquigráficas o final da sua fala, quando coloca que usei termos como representante de uma minoria raivosa. De forma alguma me coloquei dessa forma na tribuna e não aceito esse tipo de pronunciamento em relação à minha pessoa.

 

O SR. IBSEN PINHEIRO: Sr. Presidente, prefiro não violar o Regimento, mas, se for forçado, voltarei.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, não cabe um lord como o Ver. Ibsen, que é uma pessoa de uma linhagem tão sofisticada, ter esse tipo de pronunciamento. É de uma forma carinhosa que eu estou falando. Eu acho que não cabe; tenho certeza de que ele mesmo vai solicitar a V. Exª para reparar a forma como se dirigiu. Obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Luiz Braz, nosso Vice-Presidente da Casa, está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Vereador-Presidente Dr. Goulart, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, senhoras e senhores, eu quero dizer que hoje, como nos últimos tempos, estou muito orgulhoso de ter escolhido o PSDB para me filiar. Ser social-democrata, posso afirmar para todos os senhores e senhoras, é um grande privilégio para qualquer pessoa.

O País todo clama para que possamos vencer esta grande crise em que a sociedade está mergulhada, levada por essas indecências que aconteceram envolvendo aqueles Partidos que estão hoje governando o País, com o desvio de verbas, com o financiamento de campanha através da utilização de recursos públicos, com a corrupção, que é encoberta a todo instante através de atos e discursos, mas que, com certeza absoluta, está sendo condenada por toda a nossa população, por toda a nossa sociedade, que quer, na verdade, ver tudo isso terminado, quer ver começar uma nova etapa para nós em todo o País.

E aí o PSDB, mercê de discussões internas, lança um nome fantástico para disputar a presidência da República, o atual Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, de uma trajetória maravilhosa, médico anestesista, com mais de duas mil anestesias aplicadas quando deixou de ser médico anestesista para se dedicar à política. Vereador, Prefeito da sua cidade, Deputado, Governador que pegou o Estado de São Paulo com grande déficit e que agora, no final da sua gestão, coloca esse Estado com um grande superávit de arrecadação, com baixa nos impostos e com atitudes que fazem com que nós realmente vislumbremos, na sua trajetória, aquela trajetória ideal para assumir os destinos da nossa Nação, do nosso País, para também vencer as dificuldades pelas quais nós passamos.

Aqui no Estado do Rio Grande do Sul, depois de tentarmos ajudar, de todas as formas possíveis, na superação das crises pelas quais o nosso Estado passa, o Partido da Social Democracia Brasileira, também, depois de muitas discussões internas, resolve lançar como candidata ao Governo do nosso Estado a Deputada Yeda Crusius. Ninguém tem dúvida de que a Yeda Crusius não só tem um passado de muita qualidade, de muita decência, de muita honestidade, como também tem um presente de muita participação e está dando uma demonstração fantástica dessa honestidade e dessa capacidade que ela quer colocar a serviço deste Estado, fortalecendo o PSDB aqui no Rio Grande do Sul. Ver. João Antonio Dib, ela tomou uma atitude que eu acredito uma das mais decentes que poderiam ser tomadas por qualquer pessoa que quer estar à frente dos destinos do nosso Estado. A primeira atitude da Deputada Yeda Crusius, depois de consultar a sua Executiva e os membros do Diretório, foi a de não mais fazer parte do Governo Estadual, solicitou a todos os membros pertencentes ao Partido que se afastem das suas Secretarias até o final deste mês, a fim de permitir que o então Governador do Estado possa colocar ali os membros do seu Partido ou então pessoas nas quais ele possa confiar para chegar até o final desta gestão, também na sua luta para fazer com que o Rio Grande do Sul possa superar as suas dificuldades.

Eu não poderia esperar atitude mais honesta, atitude mais qualificada do que essa que foi tomada pela Deputada Yeda Crusius, futura Governadora deste Estado. Com o sacrifício dos companheiros, é claro, e muitas vezes tendo de suportar algumas críticas de alguns setores, ela não teve dúvida de fazer com que os nossos companheiros pudessem reconhecer que esse era o caminho a ser trilhado, o de afastar-se do Governo do Rio Grande do Sul para que livremente possa, com a sua capacidade, com a sua competência, disputar essas eleições e, se Deus quiser, ser a futura Governadora do nosso Estado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado, Excelência.

Solicito abertura do painel eletrônico para entrarmos na Ordem do Dia. Se vencermos os Vetos, poderemos acatar a preocupação de vários Vereadores, como disse o Ver. João Dib, de votar o Projeto do DMAE, que tem prazo até o dia 30. Se conseguirmos evoluir bem nos Vetos, poderemos elencar, como primeira ação, o voto do DMAE, que é necessário, Srs. Vereadores.

Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

VOTAÇÃO NOMINAL

 

(encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. N. 2662/05 – VETO PARCIAL ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 124/05, de autoria do Ver. Márcio Bins Ely, que institui o Estatuto da Juventude e o Plano Estratégico para o Desenvolvimento Integral da Juventude no Município de Porto Alegre e dá outras providências.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Paulo Odone: pela manutenção do Veto Parcial;

- da CEFOR. Relator Ver. Professor Garcia: pela manutenção do Veto Parcial;

- da CUTHAB. Relator Ver. Alceu Brasinha: pela manutenção do Veto Parcial;

- da CECE. Relatora Ver.ª Manuela d'Ávila: pela rejeição do Veto Parcial;

- da CEDECONDH. Relator Ver. Raul Carrion: pela rejeição do Veto Parcial.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 77, § 4º, da LOM;

- votação nominal nos termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA;

- incluído na Ordem do Dia em 15-03-06

- encaminharam a matéria os Vereadores M.d’Ávila, M.B.Ely e M.Celeste, em 20/03/06.

 

Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:

SIM – aprova o Projeto, rejeita o Veto;

NÃO – rejeita o Projeto, aceita o Veto.

- Trigésimo dia: 16-03-06 (quinta-feira).

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Em votação nominal os artigos 3º, 9º, 12, 14 e 27 ao PLL nº 124/05. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) REJEITADO os artigos por 06 votos SIM e 16 votos NÃO. Está aceito o Veto.

Em votação o art. 8º ao PLL nº 124/05, destacado pelo Ver. João Antonio Dib.

 

O SR. MARIO FRAGA: Seria possível ler o art. 8º ?

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Pois não. Estaremos agora votando o Veto ao art. 8º, que foi destacado pelo Ver. João Antonio Dib.

O art. 8º deste Projeto de Márcio Bins Ely diz o seguinte (Lê.): “O direito à profissionalização do jovem contempla a adoção das seguintes medidas:

I - Vinculação do planejamento de projetos e de programas de emprego e de formação profissional às ações municipais de desenvolvimento econômico e social;

II - Incentivo ao cooperativismo, por meio de projetos e programas que visem ao aprimoramento racional da organização e da comercialização na produção dos bens e serviços;

III - Articulação das ações de educação profissional e educação formal, a fim de elevar o nível da escolaridade, sendo a primeira complemento da segunda, englobando escolaridade, profissionalização e cidadania, visando a garantir o efetivo ingresso do jovem no mercado de trabalho.”

Foi vetado. É o art. 8º, destacado pelo Ver. João Antonio Dib. Se votar “sim”, aprova o dispositivo e rejeita o Veto; se votar “não”, rejeita o art. 8º e mantém o Veto.

Assim que terminar a votação, corrigiremos as alterações e, em seguida, daremos o resultado.

Em votação o art. 8° ao PLL n° 124/05, destacado pelo Ver. João Antonio Dib. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) REJEITADO o artigo por 09 votos SIM, 11 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO. Está mantido o Veto por não ter atingido os 19 votos da maioria absoluta.

Em votação o art. 42, destacado pelo Ver. João Antonio Dib, ao PLL n° 124/05. O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para encaminhar a votação do art. 42, destacado, ao PLL nº 124/05.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, achei que não haveria necessidade de encaminhar, porque, quando se diz que as pessoas têm o dever, não deveria haver necessidade de encaminhamento. Não entendo por que foi vetado dizer que o jovem tem o dever moral de prestar serviço social voluntário, entendido como ação cidadã de prestação de serviços à comunidade. Eu não sei por que vetaram, deve haver algum filósofo imenso que a minha vã filosofia não alcança.

Na realidade, dizer que o jovem tem o dever de ser correto, se vetaram isso, eu até não entendo mais nada. Assim como vetar o direito à profissionalização do jovem contempla a adoção do seguinte: todo jovem tem direito à profissionalização! Será que nós só fazemos discurso dizendo que jovem tem direito à profissionalização, e, por outro lado, ele tem dever moral de participar da coletividade? Eu não sei exatamente o que dizer, porque a simplicidade não precisa ser explicada, mas me parece que alguns Vereadores - que até trocaram votos - não tinham lido mesmo. Eu acho que eles têm o direito de votar contra o dever do jovem de ser participante da sociedade e têm o direito de votar contra o direito do jovem à profissionalização. Saúde e PAZ!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Como está destacado, pode ser encaminhado.

Em votação o art. 42, destacado pelo Ver. João Antonio Dib, ao PLL nº 124/05. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) REJEITADO por 10 votos SIM e 12 votos NÃO. Está mantido o Veto.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. N. 3527/05 – VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI COMPLEMETAR DO LEGISLATIVO N. 024/05, de autoria da Ver.ª Margarete Moraes, que acrescenta §§ 1º e 2º ao art. 19 da Lei Complementar n. 284, de 27 de outubro de 1992, e alterações posteriores, que institui o Código de Edificações de Porto Alegre, determinando que o tapume seja ocupado por cópia do projeto arquitetônico da obra ou destinado à manifestação artística.

 

Pareceres:

- da CEFOR. Relator Ver. Luiz Braz: pela manutenção do Veto Total;

- da CUTHAB. Relator Ver. Bernardino Vendruscolo: pela manutenção do Veto Total;

- da COSMAM. Relator Ver. João Carlos Nedel: pela manutenção do Veto Total.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 77, § 4º, da LOM;

- votação nominal nos termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA;

- incluído na Ordem do Dia em 15-03-06.

 

Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:

SIM – aprova o Projeto, rejeita o Veto;

NÃO – rejeita o Projeto, aceita o Veto.

- Trigésimo dia: 16-03-06 (quinta-feira).

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Em discussão o PLCL nº 024/05, com. Veto Total.

Hoje não foi pedida a inversão, teria que ser votado. Há interesse, ainda neste momento, em se inverter? Poderemos votar.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Não, não há problema nenhum de invertermos. Eu só gostaria de lembrar a V. Exª que houve um acordo de Mesa. Não há problema nenhum de inverter com a Verª Margarete. Para nós, tanto faz. Também, assim, só para não passar recibo de bobo, porque ninguém aqui é bobo.

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Verdade, Excelência. É verdade. É verdade. É bem verdade que eu não apregoei, Excelência.

A Verª Margarete Moraes está com a palavra para discutir o PLCL nº 024/05, com Veto Total.

 

A SRA. MARGARETE MORAES: Presidente, Ver. Dr. Goulart; eu queria esclarecer que não fiz nenhum pedido para alterar a ordem de votação. O meu pedido foi para que levássemos este Veto para amanhã, não foi possível, eu entendo. Eu jamais alteraria a ordem combinada entre as Lideranças e a Mesa.

Queria dizer que a questão da arte na rua vem, na cidade de Porto Alegre, de há muitos anos. Eu queria lembrar que, quando eu era Coordenadora de Artes Plásticas da Secretaria da Cultura, houve um Congresso de Cultura, e, a partir daí, surgiu a Secretaria Estadual de Cultura do Estado, quando os criadores solicitavam um projeto chamado POA90. Eles queriam que a obra de arte tomasse conta das ruas da nossa Cidade. A partir dessa idéia e de muitas discussões, nós construímos o Projeto Espaço Urbano, Espaço Arte, um concurso responsável, Verª Neuza, por mais de doze obras de arte na rua, todas preservadas pela Secretaria Municipal da Cultura. E eu creio que, entre tantos acertos e tantos erros, a obra da Maria Tomaselli é a que melhor simboliza essa idéia.

Nós estamos vivendo a Semana do aniversário de Porto Alegre, Ver. Sebenelo, e são 35 etnias que formam a nossa Cidade, vem daí a sua riqueza artística. Eu poderia citar Iberê Camargo, Vasco Prado, o nosso querido Xico Stockinger, poderia citar Erico, Elis, Quintana, Jaime Caetano Braum, Gildo de Freitas e dizer que essa riqueza é muito pujante, é muito grande, isso é uma base, é uma vocação que dá capilaridade às artes plásticas na nossa Cidade, e isso pode ser expresso pela Bienal do Mercosul, pertencente à Fundação Bienal, a qual, quando eu era Secretária da Cultura, ajudei a construir. A partir daí criei muita amizade, muito respeito por todos os presidentes da Bienal.

Este é um Projeto que vem na idéia de que a Cidade, Ver. Adeli, não pode parar, não pode se conformar, não pode ficar na mesmice. Infelizmente a Secretaria Municipal da Cultura parou, não apresentou nada de novo nesse um ano e três meses de Governo. E eu quero, com toda a responsabilidade que a Bancada do PT tem em relação à Cidade, lançar novos enigmas, novos desafios, novos paradigmas. A Cidade não é estática, ela é um objeto cultural em permanente movimento, e nós temos que reconhecer que Porto Alegre é vista internacionalmente, ela consegue concentrar e irradiar arte, educação, esporte, democracia, é reconhecida internacionalmente por um padrão elevado de vida, pelo amor à natureza.

E eu tenho certeza de que aquilo que é novo, que é exagerado, que é o excesso, que é o grafite, que é o exagero, que é o radical, pode e deve conviver com o tradicional, com o clássico, com aquilo que é erudito, com a obra de arte que é clássica. Assim como eu tenho certeza de que a nossa emoção, a nossa compaixão estética, a nossa poética... E aqui eu quero citar José Valdir, Haroldo de Souza - que é um ator, quando narra um jogo, ele precisa ter precisão, precisa manter o entusiasmo, a esperança, para mim tu és um grande ator -, Ver. Dr. Goulart, Ver. Sebenelo, que é compositor também. Nós temos que dar vazão a isso, compreender que a arte está sempre à frente da vida, que é preciso conviver com o pensamento científico, com a racionalidade.

Então, quando eu falo hoje, falo em nome da minha Bancada também, porque nós, que somos oposição e somos minoria, e os nossos Projetos quase não passam aqui, Verª Maristela Maffei, porque nós somos minoria, não vamos desistir. Nós vamos querer oferecer sempre novas idéias, a nossa gana, a nossa garra, a nossa militância, o nosso mandato e o nosso talento para qualificar a cidade de Porto Alegre.

Este Projeto Pintura dos Tapumes é um projeto simples, singelo, generoso para com a cidade de Porto Alegre, porque qualifica, valoriza o espaço urbano.

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Seu tempo esgotou, Vereadora.

O Ver. Carlos Todeschini se inscreve e cede seu tempo para a Verª Margarete Moraes para discutir o PLCL nº 024/05, com Veto Total.

 

A SRA. MARGARETE MORAES: Agradeço ao Ver. Todeschini, meu grande companheiro.

Quando eu leio as razões do Veto, eu não vejo nenhum argumento, nada que fira a Lei Orgânica da Cidade. Eu não vejo um único argumento que diga que é um Projeto contrário ao interesse público. Eu quero que qualquer Vereador desta Casa me indique onde ele é contrário ao interesse público. Porque a única coisa que eles colocam é que à construção civil da Cidade estariam sendo impostas despesas, e aí acho que é uma incompreensão. Do meu ponto de vista, sem nenhum preconceito, este Projeto tem os custos plenamente justificados, são custos irrisórios. Pelo contrário, ele vai recompensar os empresários da construção civil, porque a pintura no tapume vai mostrar qual é a obra que está por trás e vai ajudar nas vendas. Isso contribui, Ver. Bernardino, com o desenvolvimento da Cidade, com a geração de empregos. Então, é esta a idéia do Projeto; não é outra, Verª Maristela Meneghetti.

Eu não tenho preconceito com a construção civil, mas a construção civil não pode determinar como é que votam os Vereadores nesta Casa. E eu fiz uma leitura desta proposição, que foi aprovada por unanimidade nesta Casa e, agora, foi vetada. Leio o art. 19 da Lei Complementar nº 284 (Lê.): “Nas construções recuadas de 4 metros ou mais será obrigatória a construção de tapume com 2 metros de altura mínima no alinhamento e também no tapume junto à construção, a partir da altura determinada pela proporção...” Então, este Projeto se inclui nessa determinação da lei e não vai causar nenhuma dificuldade de ordem técnica ou financeira para a cidade de Porto Alegre. Se há alguma imprecisão técnica, porque falei em escala natural, não há nada - e eu já fui Secretária, já fui do Executivo, sei disso - que a boa vontade política não possa resolver na regulamentação.

Aqui quero fazer um apelo pessoal à Verª Clênia Maranhão: a senhora apresentou no primeiro ano em que vim para cá uma lei de preservação do patrimônio imaterial de Porto Alegre, e eu achei uma brilhante idéia. Foi para o Governo, a Ephac vetou, e eu me dispus a regulamentar aquilo e oferecer soluções técnicas, formais, para que o seu Projeto fosse aprovado, porque o seu Projeto tinha mérito. Eu não era Presidenta da Casa, recém estava chegando aqui. Então quero fazer um apelo para que esta Casa hoje, com muita racionalidade, com muito espírito público, rejeite este Veto e que, na regulamentação, possamos dialogar com todos os lados. Tenho uma carta da Associação Francisco Lisboa, que o Ver. Comassetto vai me fazer a gentileza de ler no seu tempo, para que, na regulamentação, possamos corrigir, porque o grande problema é que diz “escala em tamanho natural”, e não é, ela está adequada ao tamanho do tapume que já está previsto em lei, que é de dois metros. Foi um erro técnico, que eu já reconheci no Substitutivo, e, na regulamentação, podemos corrigir todas as falhas técnicas que acontecem.

 

O Sr. Haroldo de Souza: V. Exª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Verª Margarete Moraes, acompanhei atentamente a sua explanação. Este Projeto foi votado por unanimidade aqui na Casa, e não acredito que se volte atrás, porque não há justificativa para o Veto. Se não há justificativa para o Veto, mantém-se o voto de origem na votação do Projeto. Isso é o que se depreende, espero.

 

A SRA. MARGARETE MORAES: Muito obrigada, Ver. Haroldo de Souza. Quero cumprimentar a sua personalidade forte e a sua crença nas suas idéias e a defesa delas.

Na Semana de Porto Alegre, a Cidade merece um projeto de qualificação, de valorização do espaço urbano dentro da lei, e, na regulamentação, poderemos corrigir eventualmente algum medo da construção civil em relação a essa idéia de que vá acarretar mais custos, porque a estética da Cidade é da nossa responsabilidade, mas não só nossa, é do Sindicato da Construção Civil também, dos artistas plásticos da Cidade, e a Cidade vai ficar muito menos poluída e muito mais bonita.

Portanto, embora nem todos tenham me ouvido, gostaria de contar com o apoio dos nobres Pares, dos Vereadores e das Vereadoras desta Casa. Muito obrigado, Ver. Dr. Goulart.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Adeli Sell está com palavra para discutir o PLCL nº 024/05, com Veto Total.

 

O SR. ADELI SELL: Caro Presidente, colegas Vereadoras e Vereadores, vejam a situação a que chegamos nesta Casa em algumas votações. Ainda bem que foi o Ver. Haroldo de Souza que lembrou a votação original nesta Casa. Eu acho que nós temos que parar, quando há um Projeto de um colega Vereador, com essa história de que, num primeiro momento, para agradar, para posar para a fotografia, para fazer cena para o Plenário, aprova-se o Projeto, ele vai para o Executivo, e, quando volta para cá, as pessoas que tinham defendido, tinham elogiado o Projeto, etc. e tal, acompanham o Veto de S. Exª o Prefeito Municipal. Mas que história é essa? As pessoas têm medo de votar?

Há Projetos aqui que eu quero votar na semana que vem, e quem achar que eu estou errado que vote contra! Mas há que ter coragem! Que história é essa? As pessoas estão nos cobrando, em cada esquina, essa postura “enrolation” desta Câmara de Vereadores! Mas é a própria postura “enrolation” - um dia fazem uma coisa; no outro dia fazem outra! O que o povo acha disso? Nós temos que ter opinião! Custe o que custar! Há dias em que a gente desagrada setores! Isso é da vida! Mas a vida só evolui no contraditório! Qual é a objeção real, plausível, justificável para colocarem-se contra o Projeto da Verª Margarete Moraes? Citem-me um exemplo! Então, eu quero demarcar aqui, eu acho isso lastimável, esse vai-e-vem de pêndulo de relógio: um dia manifestam uma opinião, noutro dia manifestam outra opinião! Que história é essa? Que Câmara é esta? Que moral vamos apresentar lá fora?! Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Carlos Comassetto está com a palavra para discutir o PLCL nº 024/05, com Veto Total.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: Sr. Presidente, Ver. Dr. Goulart; colegas Vereadores e Vereadoras, na verdade venho aqui defender esta matéria e pedir uma posição aos colegas, porque nós já tivemos a aprovação deste Projeto, que é de autoria da Verª Margarete Moraes, uma aprovação por unanimidade, ou seja, todos os Vereadores concordaram aqui com a essência e o com o conceito do Projeto.

Este é um Projeto simples, mas é um Projeto de profundidade, de qualidade, porque ele se refere a destinar todos os tapumes de obras de construção civil da cidade de Porto Alegre para obras de artes. E aí quem é que vai fazer essa obra de arte? Não é obrigatoriamente o empreendedor que ali está construindo a obra, esse custo não será dele, e os artistas da Cidade estão clamando por espaços. E eu leio aqui um documento assinado pela Bina Monteiro, que é Presidente da Associação Rio-Grandense de Artes Plásticas Francisco Lisboa, endereçado à Verª Margarete Moraes, que diz o seguinte - prestem atenção, meus amigos, meus colegas Vereadores e Vereadoras (Lê.): “As artes visuais dependem essencialmente de espaços expositivos para fazer a ligação entre o artista e o espectador. A manifestação artística contemporânea é um reflexo do momento presente; através da arte, o artista fala sobre o momento presente, sobre suas dificuldades, exterioriza emoções e se relaciona com a sociedade.

“Dentro da nossa associação, fizemos uma pesquisa com nossos 250 artistas associados que perguntava: ‘Como a Associação Rio-Grandense de Artes Plásticas Francisco Lisboa pode ajudar o artista plástico?’ Bem, 90% deles responderam que necessitavam de espaço para mostrar seu trabalho. Criar espaços novos e ociosos na Cidade é uma de nossas premissas. Incorporar os tapumes de obras em espaços artísticos seria um grande acréscimo. O tapume/arte permitiria uma percepção automática da arte nas pessoas, elas as assimilam rapidamente e as armazenam como conhecimento. O tapume/arte modifica e agrega valor à paisagem acinzentada da Cidade.

“Esse contato direto do artista/obra/povo leva à popularização da arte e dos artistas. O povo gaúcho deveria conhecer e reconhecer os artistas plásticos. A nossa cultura regional só crescerá no momento em que valorizarmos aqueles que se dedicam a criar uma identidade e difundir uma cultura.”

Colegas Vereadores e Vereadoras, este documento é assinado pela Presidente da Associação Rio-Grandense de Artes Plásticas Francisco Lisboa, e, com certeza, os seus associados não são petistas ou filiados ao nosso Partido, são filiados ou têm simpatia por todos os Partidos de Porto Alegre e militam e atuam em todos os segmentos culturais da Cidade e do Estado do Rio Grande do Sul.

Quando aqui, Ver. Sebenelo, discutimos o conflito hoje das pichações, dos jovens, por que picham os monumentos, no momento em que oferecermos espaços para a juventude expressar os seus potenciais artísticos, seja através do grafite, seja através de outras expressões artístico-culturais nos tapumes, nós estaremos trabalhando propositivamente. E quero fazer uma afirmação aqui: este Projeto não traz ônus financeiro para nenhum segmento empresarial da Cidade, porque ele coloca à disposição dos artistas plásticos os tapumes, para que possam fazer obras de arte na cidade de Porto Alegre.

Sr. Presidente, Ver. Dr. Goulart, V. Exª, que é um homem que participa dos espaços culturais, principalmente dos literários, da discussão, também será possível escrever poesias nos nossos tapumes, que ficam acinzentados ou que ficam mal trabalhados, é uma forma de fazer arte na cidade de Porto Alegre.

Portanto, peço aos colegas Vereadores e Vereadoras, nada mais nada menos, que repitam os seus votos, que levaram à aprovação, por unanimidade dos Vereadores, o Projeto da colega Verª Margarete Moraes. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra para discutir o PLCL nº 024/05, com Veto Total, por cedência de tempo do Ver. Aldacir Oliboni.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Sr. Presidente, Ver. Dr. Goulart; meus caros companheiros e minhas caras companheiras de Bancada, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, público que nos assiste, venho aqui também expressar a opinião na mesma direção dos meus companheiros de Bancada. Uma Cidade que conseguiu se projetar no mundo pela liderança dos valores democráticos, inovadores e participativos também tem que ter lugar, Verª Margarete Moraes, para a expressão da arte. E falava com V. Exª há pouco sobre as nossas experiências de estada na cidade do México, uma cidade que se destaca não só pela beleza natural, pela amabilidade de seu povo, mas pela presença marcante da arte nas ruas, nos museus, nos monumentos, referenciando cada ponto da Cidade.

E há um Projeto de iniciativa que nos possibilita dar passos à frente em nossa Cidade - lembro o elitismo e o atraso com que foram tratados o desenvolvimento e o investimento em arte e cultura por parte dos governantes do passado -, é nessa direção que a Verª Margarete propõe que esses sejam espaços para o desenvolvimento da arte e da cultura, para que se aproveitem esses espaços às vezes muito feios, os tapumes das obras, para desenvolver a cultura da arte, a cultura da expressão, das marcas da nossa gente e do nosso jeito, dos nossos hábitos, do nosso fazer cotidiano e da projeção do nosso futuro.

Eu vejo com muita tristeza que o Governo veta uma obra dessas que sequer produzirá custos para os seus cofres. Venho aqui protestar contra essa medida do Governo, contra essa ação. Aliás, ele não tem feito isso só nessa matéria, tem vetado Projetos, tem feito retaliações em todos os Projetos aqui aprovados oriundos da oposição. Muitos com as justificativas mais estapafúrdias que se possam imaginar, mas tem feito. E isso é muito lamentável.

 

O Sr. Aldacir Oliboni: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Todeschini, colaborando com a sua manifestação e até puxando para a responsabilidade dos Vereadores, que muitas vezes vão às comunidades e falam exatamente sobre poder oportunizar espaços aos grafiteiros, enfim, à cultura popular, eu acredito que o Governo não dialogou com o Departamento de Artes Cênicas da Secretaria da Cultura de Porto Alegre. A Verª Margarete vem da área da Cultura e traz essa novidade para o Parlamento, para que possa ser implementada na prática, oportunizando esses espaços, os tapumes, que - como V. Exª falou muito bem, Vereador -, hoje, de uma certa forma, têm um visual de que as pessoas não gostam, onde, em época de campanha eleitoral, todo o mundo tenta, do dia para a noite, colocar alguma coisa ali.

A partir de agora, com este Projeto, esses cidadãos e cidadãs, alunos, enfim, aqueles que trabalham na arte do grafite, terão ali um espaço adequado para a sua manifestação. É nesse sentido que eu diria que é de extrema importância derrubarmos o Veto do Prefeito Municipal.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Muito obrigado pela sua contribuição, meu querido Ver. Aldacir Oliboni, V. Exª também é fruto da expressão da arte cênica da nossa Cidade, da consagrada procissão do Morro da Cruz, que marca a história daquele lugar importante, destacado com sua expressão de arte e habilidade.

Não podemos aceitar, Verª Margarete, que o Governo trate de forma a não incluir a cultura e a arte no cenário da Cidade. Ações sempre reducionistas, ações retrógradas é o que nós temos visto sistematicamente na arte, na cultura, no meio ambiente, em todos os âmbitos que este novo Governo tem se expressado de forma a restringir a possibilidade das expressões, da inclusão e da democracia também. Nós estamos vivendo, dessa forma, retrocessos que não precisávamos viver. A Cidade tem de avançar, a cultura tem de se desenvolver, a vida tem de olhar para o futuro. A expressão deste Projeto se dá através de uma iniciativa muito singela, muito econômica, porque não há dispêndios ou investimentos públicos; há, sim, a necessidade do alerta e do chamar atenção para que a expressão da arte e da cultura tenha lugar, projetando a Cidade para o futuro. Essa é a minha posição, e eu peço que a gente não acate o Veto do Sr. Prefeito. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): A Verª Maristela Maffei está com a palavra para discutir o PLCL nº 024/05, com Veto Total.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, minha cara companheira Margarete Moraes, sei do diálogo que V. Exª tem tido inclusive com a Coordenação de Artes Plásticas, sei da concordância também. Vim aqui, de fato, discutir o mérito, porque nós vivemos um período, na nossa Cidade, em que a cultura é absolutamente elitizada, inclusive nas escolas.

A Verª Margarete utiliza muito bem esse viés quando fala da arte, da plástica, da forma que chegou a outros níveis sociais que não tiveram o privilégio daquilo que deveria ser absolutamente natural, que é poder viver esse momento da descentralização, exatamente esse olhar não positivista, um olhar que possa pairar em todos os segmentos sociais para também poder desenvolver a cultura. Este País, nós todos sabemos, só vai ter futuro se isso for uma semântica; se for de fato uma prioridade a questão da arte, a questão da democratização desse poder. Porque cada setor tem sua linguagem, e todos nós sabemos o quanto é importante a linguagem quando ela pode ser expressada de uma forma conjunta.

Basta ver a nossa Cidade, por exemplo! Quando nós vemos uma cidade absolutamente pichada, a gente sabe que isso vem de setores organizados que traduzem a sua linguagem através de gangues, através de um descompromisso com a arte, não por culpa desses setores, mas por falta de responsabilidade, especialmente onde não existe mais cultura. Volta novamente, após 16 anos, a decadência da cultura. Porque volta a ter o mesmo paradigma, exatamente a elitização e não mais a motivação das comunidades e, principalmente, a vontade política deste Governo.

Eu queria aqui apelar ao meu caro professor, pelo qual eu tanto tenho carinho, mas que infelizmente por não ter essa vivência, ter uma vivência de sala de aula... E quero aqui colocar todo o meu respeito ao Professor Sérgio, que é o Secretário de Cultura. Eu acho que a cidade de Porto Alegre está de luto em relação à cultura, bem como a respeito dos corredores de ônibus na Av. Bento Gonçalves, que estão caindo aos pedaços.

Então, a nossa cultura, na medida em que vetamos este Projeto da Verª Margarete Moraes... É, sim, um vício de olhar, inclusive, de como fazer cultura e como dialogar com a Cidade, elitizando novamente, excluindo aqueles que não têm uma linhagem purificada, de repente, é o que passa na cabeça dessas pessoas, que não entendem que isso pode, Ver. João Dib, ser socializado com todo o mundo.

Nesse sentido, Vereadora e companheira Margarete Moraes, quero dizer que mesmo que aqui sejamos novamente patrolados e derrotados, inclusive na cultura, voto por uma concepção que acredito que a senhora, mais do que ninguém, minha companheira, conhece muito bem e que partilhou com todos os porto-alegrenses. Tem que ter orgulho disso, e vamos continuar lutando, porque esta Prefeitura não é para sempre - aliás, a Prefeitura é para sempre, o que não é para sempre é esta Administração, que se instalou para ficar quatro anos em Porto Alegre. Muito obrigada.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para discutir o PLCL nº 024/05, com Veto Total.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Ver. Dr. Goulart; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, apesar de saber que iríamos sentir falta dos tapumes para colar as propagandas políticas, acho que a Verª Margarete Moraes teve uma linda idéia, não só linda porque a Cidade ficará mais linda, mas porque a Verª Margarete é daquelas pessoas imprescindíveis, que se preocupa com a paisagem, com o direito que nós temos à paisagem, ao belo, ao charme da Cidade onde nós vivemos. E, infelizmente, não é isso que nós estamos vendo no novo Governo desta Cidade, esse respeito ao direito que todos temos à paisagem, ao direito que todos temos à preservação da nossa cara, da nossa cultura, do nosso jeito de morar, de nos organizar, de organizar a Cidade.

O que está acontecendo? E por que digo isso, Ver. João Antonio Dib, que me ouve com atenção? A bela sugestão da Vereadora é que esses tapumes horrorosos - que ficam às vezes meses, às vezes mais do que um ano preenchendo as nossas calçadas nas ruas da Cidade, que recebem pichações, cartazes de propaganda, e fica aquele rasgado sobre rasgado, enfeando a Cidade - abriguem obras de arte, algo que deveria ter sido cuidado, olhado pelo Governo que gere esta Cidade, quem sabe propondo emendas ao Projeto da Verª Margarete, construindo uma alternativa a partir da sua visão de gestor. Mas não! Nós temos apenas um Veto Total, e aí se chama a atenção para uma preocupação, que é a preocupação dos custos que se vão colocar ao empreendedor: os custos do tempo, do problema que está se colocando ao empresário. Quer dizer, nós não podemos ter problema com os empresários? E podemos e devemos destruir o que tem de mais caro na nossa vida, que é o direito ao estético, à beleza, ao morar bem, o direito de sair de casa e olhar para o lado e não encontrar os espigões, os caixotes, encontrar a cara da nossa cultura, a mistura de etnias e raças que compõem a nossa cultura?

No dia da homenagem às mulheres aqui, eu conversava com uma arquiteta, que me dizia: “Meu Deus, os arquitetos são burros em Porto Alegre, porque a gente não vê mais que cidade está sendo construída!” Aliás, o contrário: a cidade que está sendo construída vai poder ser destruída bem rapidinho, porque ela não é charmosa, ela não recupera as nossas origens, o nosso jeito de viver, de morar. É muito triste isso!

E quero dizer que o Governo Municipal, de muitas formas, está fazendo e contribuindo para essa destruição e para a Cidade não pensar na sua dimensão estética. Este Governo suspendeu o trabalho de monitoramento do Plano Diretor, o trabalho de monitoramento da Secretaria de Planejamento, que vinha verificando quais as conseqüências, nos bairros, da aplicação do Plano Diretor e da construção civil. O trabalho demonstrava e indicava que a situação está crítica, que nós já estamos construindo demais e causando problemas sérios para a nossa própria vida.

E retirou daqui da Casa o Projeto das Áreas de Interesse Cultural, que indicava oitenta áreas de preservação cultural na nossa Cidade, áreas que têm a característica da nossa história, da nossa cultura. Esse Projeto foi retirado há um ano e três meses e não voltou. Nós já sabemos, temos notícias das mais assustadoras, de que já cortaram para trinta, que baixou para não sei quantas. O Governo Municipal não se preocupa em formalizar, através de projeto de lei, a proteção das Áreas de Interesse Cultural, não se preocupa em atualizar o Plano Diretor a partir do novo Estatuto da Cidade, a partir das conquistas da cidadania na preservação do seu patrimônio; mais do que isso, ele simplificou os processos. Em nome da desburocratização, nós vemos pouco cuidado, atropelamento nas decisões.

E trago o caso da OSPA. Na Semana de Porto Alegre do ano passado, foi anunciada a liberação do novo espaço para a OSPA, um lugar horroroso para ser o lugar do nosso teatro, um lugar que iria acolher a OSPA, um lugar socado no estacionamento do Shopping Total, ao lado de um prédio de estacionamento, de um caixotão, Ver. Sebenelo, e, depois, a cidadania teve de correr atrás para tentar consertar uma expectativa. Não se quer o belo para esta Cidade - nem para a música. E tanto se ouviu, aqui, que Curitiba é tão linda, tão maravilhosa. Quanta comparação nós ouvimos, nesses anos, que Curitiba tem o seu belo Teatro de Arame. Por que, então, nós não a imitamos? Não! Ontem, a notícia foi de que o Conselho Nacional de Cultura - sabiamente - não aprovou a Lei Rouanet. E eu digo isso, não porque somos contra a OSPA, mas porque uma das questões, conforme informação da população, é de que ali era um terreno privado, que em trinta anos esse recurso público iria voltar para a mão privada, que ali não é um lugar do belo, que ali já está muito confluenciado, que ali vai deteriorar a paisagem de uma das mais belas ruas da nossa Cidade. Poderia seguir dizendo quantas ações, ou omissões, ou proteções estão deteriorando a nossa qualidade de vida em prol do empresariado, perdendo a beleza.

Então, Verª Margarete Moraes, a proposição de V. Exª aqui - não só essa, há vários outros Projetos - significa a resistência de quem quer viver bem, de quem quer morar bem, de quem ama Porto Alegre e de quem quer dar um presente para Porto Alegre no aniversário da Cidade, para que ela se torne mais bonita e não apenas uma Cidade mais rentável para os empresários.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado, Vereadora.

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir o PLCL nº 024/05, com Veto Total.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, a Verª Margarete Moraes consegue me deixar triste. A minha amizade por ela vem antes do fato de ela ser Vereadora, e ela é uma excelente Vereadora nesta Casa. Eu votei contrariamente este Projeto, e isso me deixa triste, porque ela é minha amiga. Mas, se eu sou Engenheiro, eu não posso votar como amigo. E a proposição feita aqui é inviável. Eu nem olho as razões do Veto do Prefeito, porque, de repente, os Vetos dizem tanto - até, numa votação recente, o jovem não tem de ter dever e não tem de ter direito. Tudo bem.

Mas todos os dias eu me lembro da Verª Margarete Moraes. Quando eu vou para casa, na esquina da Rua Marquês do Pombal com a Rua Germano Petersen, há um edifício em construção, e eu me lembro da Verª Margarete. Há um painel na fachada - deve ter 3m por 5m, talvez 4m por 6m, ou 4m por 7m, não cheguei a medir - que faz uma bela apresentação, uma perspectiva bonita do prédio que está sendo construído. Não há como fazer num prédio de 20 andares, com 55 metros de altura e 20 metros de largura, um painel, na fachada, capaz de mostrar o que vai ser o edifício, em razão do tapume que ele tem.

Eu gostaria de lembrar um fato que ocorreu nesta Cidade. Quando a Igreja Auxiliadora ficou pronta, iluminada, à noite, o padre, naquela noite, resolveu ir olhar a fachada. Para que ele pudesse ver a fachada, ele teve de se afastar, teve de atravessar a rua para se colocar na outra posição. Infelizmente, enquanto ele fazia isso, foi atropelado e morreu. É uma lei de física. Eu tenho de ter um ângulo de visão. Eu não posso colocar na minha frente um papel aqui e tentar ler o que está escrito, tem de haver uma distância. Então, existe a necessidade de uma área.

Eu não posso fazer um painel de mil metros quadrados e querer que, numa distância de 12m, de 15m, ou de 18 m, esse painel possa ser visto na sua plenitude. Talvez seja até melhor colocar um painel em cada fachada. Se for na esquina, que se coloquem três painéis, mas não no tapume todo, porque não é viável, e, fisicamente, é impossível de ser contemplado. O desejo de fazer uma coisa acaba fazendo com que se gaste bastante dinheiro, provavelmente, em algo que não vai ter utilidade nenhuma. Mas, se fizer um painel de 4m por 6m, de 5m por 8m, não mais do que isso, vai ser uma coisa bonita, um colorido bonito para o prédio, uma demonstração até de interesse dos construtores, pois eles poderão mostrar o que estão fazendo. Agora, da forma como foi apresentada, na escala um por um, é absolutamente inviável. Então, o amigo gostaria de dizer sim, mas o Engenheiro é obrigado a dizer não. Saúde e PAZ! Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado, Ver. Dib.

A Verª Manuela d’Ávila está com a palavra para discutir o PLCL nº 024/05, com Veto Parcial.

 

A SRA. MANUELA D’ÁVILA: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, nós ouvimos na segunda-feira, Verª Margarete Moraes, diversas manifestações, aqui nesta tribuna, com relação a um documentário de autoria do MV Bill e do Celso Athayde apresentado no Programa Fantástico. Nós todos ficamos, evidentemente, não chocados, porque, particularmente, conheço aquela realidade, assim como muitos de vocês, mas impressionados com a falta de perspectiva daqueles jovens que vivem nas proximidades dos grandes bolsões de miséria, Ver. João Antonio Dib. E eu conversava com a Verª Margarete Moraes, porque tenho convicção - pelo menos, durante esse último um ano e três meses, todos os senhores e as senhoras me ouviram falar, repetidas vezes, sobre a questão do movimento hip-hop, do grafite, da arte do grafite - de que o movimento hip-hop exerce um papel gigantesco na perspectiva de inclusão social desses jovens que, hoje, estão envolvidos, Ver. Sebenelo, no grande esquema do narcotráfico brasileiro.

Pois bem, quando nós temos aqui uma alternativa para esses jovens, uma probabilidade - porque não é única e exclusivamente para a manifestação artística livre, também pode ser para fixar cópia da obra que está sendo construída -, quando nós temos, Ver. João Antonio Dib, uma porta aberta para que esses jovens produzam a sua arte - existe manifestação artística livre, que inclui a arte do grafite -, quando temos uma porta aberta, não digo escancarada, mas uma porta aberta para que esses jovens se sintam valorizados pela nossa sociedade, para que a nossa sociedade, Verª Margarete Moraes, conheça a arte que a periferia do nosso País produz, que é a arte do grafite, a Prefeitura Municipal veta o Projeto da querida Verª Margarete Moraes, fecha a porta, fecha a porta para a possibilidade.

E eu digo isso, porque esses projetos, Verª Margarete Moraes, trazem a possibilidade de convivermos numa Cidade mais feliz, mais alegre. No entanto, tratam isso de forma menor, tratam a leveza de uma Cidade, sem tapumes pesados, acinzentados, muros cinzas, como algo supérfluo. Se não tratassem assim, Ver. João Antonio Dib, não fechavam a porta; abririam a porta para a cultura da nossa Cidade, abririam a porta para os cidadãos e para as cidadãs que andam de ônibus, que andam nos seus automóveis e que, quando param nos sinais, assim como V. Exª, gostariam de olhar para algo diferente daquilo que hoje está ali colocado, gostariam de observar, por exemplo, ou o prédio que ali vai estar instalado a partir de uma figura, de uma gravura, ou uma obra de arte temporária de um artista da nossa Cidade, seja ele um grafiteiro, seja ele um outro artista, que queira... Naquele pequeno espaço cinza, morto, feio, que torna a nossa Cidade mais dura, mais desumana, menos sensível, nós estamos vendo, exatamente, essa pequena possibilidade de construir uma Cidade cada dia mais humana, Verª Maristela, sendo fechada.

Então, este Veto, na minha opinião, tem como fundamento central justamente as questões políticas, e não as questões da vida harmônica, feliz, alegre dos cidadãos e das cidadãs de Porto Alegre. Aí, depois, sinceramente, não adianta vir chorar, ficar espantado, ficar impressionado, ficar chocado. Aqueles meninos, os falcões, os meninos do tráfico, precisam de reconhecimento de suas potencialidades, que não aquelas. Se alguém prestou atenção, de fato, viu que a necessidade de se sentirem incluídos, que a necessidade de se sentirem queridos, que a necessidade de se sentirem reconhecidos socialmente faz parte, inclusive, do esquema que os envolve no tráfico e no narcotráfico do nosso País. Portanto, este é um Veto político, é um Veto que tira a possibilidade de sermos mais alegres, de sermos mais felizes, de observarmos coisas mais belas e menos cinzas na nossa Cidade. Muito obrigada, Sr. Presidente.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): A Verª Maria Celeste está com a palavra para discutir o PLCL nº 024/05, com Veto Total.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Ver. Dr. Goulart; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, eu fiquei um tanto quanto preocupada quando recebi as razões do Veto Total indicadas pelo Sr. Prefeito e, ao lê-las atentamente, Ver. João Dib, não consegui perceber qual é a razão que leva o Governo a dizer que há uma violação do interesse público, quando é uma proposta que pode livrar a nossa Cidade das famosas pichações, um tema tão debatido nesta Casa, um tema com o qual vejo vários Vereadores preocupados, fazendo debates públicos, trazendo para esta tribuna. Quando se apresenta uma solução, o Executivo apenas coloca que há uma violação do interesse público.

E mais: ele coloca - isto está escrito nas razões do Veto encaminhado pelo Sr. Prefeito - que as razões que devemos levar em conta são “outros fatores de ordem econômica e social que inviabilizam o cumprimento do referido dispositivo [...] Impor às empresas de construção civil tal obrigação resultaria um grande transtorno nos serviços de fachadas e nas obras de urbanização e ajardinamento, implicando na postergação de cronograma de edificações”, etc. Ora, o Governo está dizendo que as empresas, que são responsáveis pela obra e pela colocação do tapume - que já o fazem -, não podem sequer estabelecer uma parceria para resolver um problema sério na Cidade. Parece-me, então, que está havendo uma preocupação de não entrar em atrito com uma categoria da nossa Cidade. O tapume já é obrigatório, isso já é lei.

E, aí, as questões que o Ver. Dib levanta me preocupam muito também. Já há uma legislação que diz qual é a distância para que haja visibilidade ou não, para as pessoas transitarem em uma calçada. O Projeto apenas coloca a possibilidade de aproximar o artista, a arte do povo da nossa Cidade. Parece que isso viola o interesse público da nossa Cidade. Isso é o que está escrito aqui, nas razões do Veto do Prefeito. Não há sequer indicativo de ordem legal, Ver. Luiz Braz, que é tão contundente nessa questão da legalidade quando vêm os Vetos para esta Casa.

Ver. João Antonio Dib, com todo o carinho e respeito que tenho por V. Exª, quando V. Exª fala na questão da escala natural, quero lhe lembrar que a própria Vereadora proponente, autora desta lei, fez uma Emenda justificando, justamente para revogar, suprimir a expressão “escala natural”, é a Emenda nº 01 ao Projeto, a qual, Ver. João Antonio Dib, na ocasião, foi aprovada unanimemente nesta Casa. Então, quanto a este problema que V. Exª trouxe na sua fala, também nós tivemos a preocupação, e a Verª Margarete colocou essa Emenda, fazendo uma correção ao equívoco que havia, no primeiro momento, no Projeto. Então, Ver. João Antonio Dib, creio que V. Exª pode votar com a maior tranqüilidade, porque essas questões foram corrigidas já no decorrer do Projeto, já no decorrer da votação desta Casa, quando nós colocamos e votamos a Emenda n° 01.

Portanto, parece que nós estamos deixando passar uma bela oportunidade nesta Casa de contribuir com o Executivo, mas, sobretudo, deixando de contribuir para que um problema grave, sério, Ver. Haroldo de Souza, que é a questão das pichações na cidade de Porto Alegre, possa estar sendo, de fato, resolvido. E faço um apelo aqui. Nós sabemos o quanto é difícil termos 19 votos para derrubarmos este Veto do Prefeito, mas não é possível haver um Veto embasado simplesmente em uma escolha, em uma opção de um setor da Cidade, no sentido de que estaria interferindo na questão da economia desse setor. Ora, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, não é possível esse tipo de comportamento dentro desta Casa. E quero lamentar o fato de não trazermos o grafite, as manifestações culturais, legítimas da nossa Cidade, a proximidade do artista com o povo da nossa Cidade por meio desta iniciativa e deste Projeto.

Quero dizer aos Vereadores que nós aqui estamos deixando passar uma bela oportunidade, por uma, digamos assim, perseguição. Talvez - e quero estar equivocada nesta minha fala, mas vou aqui dizer - haja uma perseguição política em relação a um Projeto apresentado por uma Vereadora do PT nesta Cidade. Muito obrigada, Sr. Presidente.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Raul Carrion, que, além de envolvido com a causa habitacional, o é com as causas culturais também, está com a palavra para discutir o PLCL n° 024/05, com Veto Total.

 

O SR. RAUL CARRION: Exmo Ver. Dr. Goulart, nosso brilhante Presidente, que tem dado uma condução democrática, uma condução prazerosa a esta Casa - isso é uma grande satisfação.

Bem, prezados Vereadores e Vereadoras, nós partimos do entendimento de que toda e qualquer obra em Porto Alegre - e não podemos ser contra as obras -, Ver. Ismael, queira-se ou não, é uma agressão ao visual da Cidade! Certo, Verª Neuza? Nós vemos aqueles tapumes horríveis, aquelas obras levantadas num ambiente harmônico, num ambiente estético da Cidade. Então, ninguém que faz uma obra pode negar isso. Durante a execução da obra, há uma agressão ao visual da Cidade, não pode haver dúvida quanto a isso.

O que pretende o Projeto da Verª Margarete Moraes, que é uma pessoa vinculada ao meio artístico, com uma preocupação e uma percepção estética apurada? Que essa agressão ao visual da Cidade seja minorado. Não é que seja eliminado. Um tapume decorado com obras de arte, ou grafitado, ou com pelo menos uma reprodução da fachada arquitetônica da obra, vai minorar um pouquinho aquele monstro que ali está a doer nos olhos da população. “Ah! vai gerar custos para o empreendedor!” Sim, mas ele está fazendo uma agressão ao visual da Cidade. Então, ele tem de dar uma compensação. E eu diria até que essa compensação é mínima. E alegar que isso atrasa o cronograma da obra, Verª Maristela Maffei, é fazer pouco da inteligência desta Casa. “Ah! mas é em escala natural!” Não, não é verdade! Isso já foi corrigido.

Então, na verdade, o que está em discussão é se é o laissez-faire, tudo pode. A cidadania tem a sua visão de Cidade agredida, Ver. Professor Garcia, que me escuta atentamente, e tenho certeza de que, apesar de estar na base do Governo, tem a mesma opinião, porque foi um batalhador para que, nas empenas cegas, houvesse uma obra de arte. E, se pode ter uma obra de arte nas empenas cegas, por que não pode nos tapumes? Dêem uma razão! “Ah! vai encarecer a obra do edifício na empena cega.” Mas há responsabilidade fiscal nesta Cidade. Ou não há, Ver. Professor Garcia?

Outra coisa, fala-se muito em modernidade. Verª Margarete, quando estive - e não foi com passagem desta Casa - de férias em Madrid para conhecer as nossas origens, na Península Ibérica, o que vimos lá? Vi obras nas quais do 10º, 15º, 20º andar para baixo havia uma tela, Ver. Todeschini, com um caráter de proteção e que vinha decorada com uma pintura.

Ou seja, em relação àquela agressão, Ver. Dib, que é uma obra em construção, que leva um ano, leva dois anos, leva três anos para a sua conclusão, Ver. Nereu, tem de haver uma compensação para a cidadania, para a estética pelo menos. Ou nós só vamos pensar no vil metal? A estética não importa, a beleza não importa... Já dizia o Vinícius de Moraes que a beleza importa, sim; a beleza é um bem, é um bem intangível e um bem necessário na nossa Cidade. E nós queremos que Porto Alegre seja uma bela cidade.

Parabéns, Verª Margarete, o seu Projeto vai nesse rumo. Da mesma forma que o nosso Projeto, o da colocação de obras de arte em prédios com mais de dois mil metros quadrados, que, infelizmente, foi vetado. Eu tenho certeza de que foi vetado pelos interesses imobiliários desta Cidade, dos construtores, mas, em bom momento, o Governo, Ver. Dr. Goulart, entendeu que havia um equívoco e negociamos uma boa saída. Quem sabe, Verª Margarete, nós conseguíssemos também negociar com o Governo algumas alternativas. Não sei se seria o caso de pedirmos adiamento, passarmos um Veto na frente, Ver. Dib. Acho que seria possível, não sei se venceremos todos os Vetos hoje. Mas, se isso não for possível, Verª Margarete, se por acaso a beleza for derrotada nesta Casa, a estética for derrotada nesta Casa, eu proponho que V. Exª estabeleça um diálogo com o Governo Municipal, inclusive com os empresários da construção civil, que não são totalmente insensíveis. Podemos negociar uma alternativa, e V. Exª constrói um novo projeto, ainda este ano, que vai necessitar de dezenove assinaturas. Aceitando-se o Veto, o Projeto é considerado derrotado, e Projeto derrotado precisa de 19 assinaturas.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Carrion, quero dizer a V. Exª que eu já havia proposto a Verª Margarete painéis menores, eu acho que assim vai receber o apoio de todos.

 

O SR. RAUL CARRION: Perfeito.

Eu votarei com a Verª Margarete, porque creio que o Projeto tem mérito, mas creio que esta Casa - e o Ver. João Dib muito bem coloca a sua sensibilidade - vai construir junto, Vereadora. Primeiro, vamos batalhar para que a beleza vença em Porto Alegre. Segundo, vamos batalhar, se ela não vencer no primeiro turno, para que vença no segundo turno, porque Porto Alegre é alegre porque é bela. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Em votação o PLCL n° 024/05. (Pausa.) A Verª Margarete Moraes está com a palavra para encaminhar a votação do PLCL n° 024/05, com Veto Total.

 

A SRA. MARGARETE MORAES: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, eu fico muito sensibilizada e quero agradecer por todo esforço, todo apoio, toda solidariedade dos Vereadores e Vereadoras desta Casa que defenderam este Projeto, e, com exceção da sinceridade do nosso querido Ver. João Antonio Dib, ninguém veio aqui dizer que o Projeto não tinha mérito, que o Projeto não era importante para a Cidade.

Eu não compreendo este Veto, porque não há razões legais, não fere a Lei Orgânica, não é inconstitucional de jeito nenhum. A impressão que eu tenho é que os Vereadores da oposição desta Cidade não podem opinar, não podem ter idéias, não podem contribuir para a qualificação da Cidade de Porto Alegre. Nós poderíamos ser daquela filosofia de que a Cidade de Porto Alegre estaria bem quanto pior melhor, quanto mais pichada, mais feia, mais suja. Mas não! Nós amamos Porto Alegre, nós estamos em plena Semana do aniversário - o aniversário, precisamente, é no dia 26 -, nós achamos que muito foi feito, mas nenhum Governo consegue fazer tudo; a vida das pessoas muda, a Cidade se movimenta e exige outras alternativas, e é essa a idéia deste Projeto.

Quando eu era Secretária sempre recebi com muita civilidade, sempre valorizei os Vereadores desta Casa que tiveram alguma idéia em relação à Secretaria Municipal da Cultura, e não porque eu fosse generosa, porque é uma obrigação de qualquer Secretário acolher as idéias, discutir, sugerir. No exemplo da Verª Clênia Maranhão, como eu falei, do tombamento dos bens imateriais da Cidade, havia problemas técnicos, e a Epahc vetou tecnicamente. Eu procurei a Epahc para resolver esse problema, e foi resolvido da melhor maneira possível. E agora eu falo, e a Verª Clênia não me ouve.

Eu quero dizer que os tapumes já são regrados em leis, eles têm um tamanho, eles já existem, eu não estou propondo outros tapumes. Apenas estou oferecendo uma chance de os artistas de qualquer estilo - pop, expressão absolutamente realista, abstrata -, qualquer forma de arte - hip-hop, grafite, como tanto propugna a Verª Manuela -, na maior pluralidade das estéticas, dos estilos, mostrarem o seu trabalho. Não é uma obra de arte perene, para ficar para sempre; é uma obra passageira, enquanto durar a obra daquela construção civil; ou oferecendo também a reprodução da fachada daquele prédio. Acho que isso até contribui com a construção civil.

Quando coloquei a escala natural, Ver. Raul Carrion, eu me inspirei na Casa Rosada, em Buenos Aires, quando fui a passeio, e tenho oportunidade de ir sempre. Então, eu pensava que Porto Alegre já teria esse padrão civilizatório de Buenos Aires. Mas eu reconheci que era um prédio histórico da cidade, pequeno, tombado, e resolvi corrigir, pois achei que nem todas as obras deveriam ter escala natural. Fiz uma Emenda retirando essa questão da escala natural, porque era um equívoco. Eu creio que não se adaptava à cidade de Porto Alegre. Apenas estou colocando nos tapumes, no tamanho já existente. Então, essa adaptação à nossa realidade eu tive a sensibilidade de colocar.

Eu queria dizer ao Ver. João Antonio Dib, que tentou me alertar e me alertou - mas foi absoluta falta de tempo da minha parte, até por razões pessoais -, que eu não procurei o Sinduscon. Eu tenho certeza de que, se eu tivesse procurado, eles entenderiam este Projeto e poderiam até contribuir com idéias, para a sua viabilidade. Tenho certeza de que se for mantido o Veto, hoje, eu vou procurá-los e vou fazer outro Projeto. Talvez muitos Vereadores acatariam o Projeto e rejeitariam o Veto hoje. Mas eu não vou desistir dessa idéia. Muito obrigada.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Em votação nominal o PLCL nº 024/05. (Após a apuração nominal.) REJEITADO o Projeto por 13 votos SIM e 16 votos NÃO. Está mantido o Veto.

 

A SRA. MARGARETE MORAES (Questão de Ordem): Uma consulta: é possível pedir renovação de votação para outro dia?

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Com esse número não, Excelência. Seriam necessários três votos para alcançar dezenove.

 

A SRA. MARGARETE MORAES: É uma consulta, Vereador, porque eu não tenho certeza sobre isso.

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Não cabe renovação de votação em qualquer proposição vetada.

 

A SRA. MARGARETE MORAES: Obrigada, Ver. Dr. Goulart.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. N. 4120/05 – VETO PARCIAL ao PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N. 030/05, de autoria do Ver. Nereu D'Avila, que altera o “caput” e inclui §§ 1º, 2º, 3º e 4º no art. 20-A da Lei Complementar n. 12, de 7 de janeiro de 1975, e alterações posteriores, que institui posturas para o Município de Porto Alegre e dá outras providências, estabelecendo condicionantes para o cercamento de logradouros públicos recebidos pelo Município, em decorrência de loteamentos de iniciativa privada.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Márcio Bins Ely: pela manutenção do Veto Parcial;

- da CUTHAB. Relatora Ver.ª Clênia Maranhão: pela manutenção do Veto Parcial;

- da CEDECONDH. Relator Ver. Carlos Todeschini: pela rejeição do Veto Parcial;

- da COSMAM. Relator Ver. João Carlos Nedel: pela manutenção do Veto Parcial.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 77, § 4º, da LOM;

- votação nominal nos termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA;

- incluído na Ordem do Dia em 15-03-06.

 

Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:

SIM – aprova o Projeto, rejeita o Veto;

NÃO – rejeita o Projeto, aceita o Veto.

- Trigésimo dia: 16-03-06 (quinta-feira).

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Em discussão o PLCL nº 030/05, com Veto Parcial.  O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra para discutir o PLCL nº 030/05, com Veto Parcial.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, estamos debatendo aqui o Veto Parcial ao Projeto de Lei que prevê o cercamento dos parques, e nós já temos uma discordância profunda a respeito da medida que foi tomada aqui pela maioria dos Vereadores e da forma como foi tomada, porque isso significa um grande retrocesso para a Cidade. No nosso entendimento, cercar os parques não garante segurança, cercar os parques não garante futuro, não garante modernidade. Ao contrário, muitas vezes, conforme uma charge hoje num dos jornais, aprisiona as pessoas e as pode tornar vítimas mais fáceis, pode as tornar presas mais fáceis da violência.

Nós estamos aqui e agora para discutir o Veto Parcial do Sr. Prefeito à única coisa que poderia ser interessante na aprovação deste Projeto, que é a medida emendada prevendo que, no mínimo, 10% da área fosse destinada para equipamentos esportivos. E, como foi discutido também no Projeto anterior, o Governo sempre faz vetos em situações de fora da matéria. A argumentação do Governo para vetar este artigo é a de que haveria gastos do Poder Público. Isso é absolutamente falso, porque a regra aportada ao Projeto apenas prevê que 10% do espaço seja destinado à implantação de equipamentos esportivos. E o Governo tem mais uma medida.

Antes, nós vimos aqui sobre as obras de arte, Verª Margarete, expressa nos tapumes; em outros momentos, vimos aqui sobre a participação e, agora, vemos aqui sobre as praças e parques. Já não basta a violência do cercamento?! Porque isso desfaz a Cidade, altera a qualidade da circulação do fruir, do andar livremente na Cidade, e vai-nos tornando cada vez mais reféns do medo, que gera o medo; da insegurança, que gera a insegurança, da restrição dos espaços. E a única questão que nós poderíamos considerar importante, que é a obrigação da implementação de 10% para equipamentos esportivos, agora sofre o Veto do Governo, também sob o argumento de que isso causaria mais gastos. É absolutamente falso, porque eu não acredito que seja só falta de informação; não diz, em absoluto, em nenhum momento, que o Governo tem de fazer investimento, apenas obriga a que as áreas sejam reservadas para tanto. Nós, tão carentes; a população, especialmente a mais pobre, a mais necessitada, tem talvez as praças e os parques como a única maneira, o único meio de acesso, o único meio livre, e agora também vê isso retirado do Projeto, com o falso argumento de que o Município teria de gastar mais, investir - desperdiçar dinheiro, talvez, sob essa ótica.

Eu vejo que, sucessivamente, aqui se repetem falsos dilemas, falsos argumentos, falsas sustentações, e a maioria do Governo sempre acata silenciosamente, sempre acata de maneira acrítica, acata de maneira servil essas ações do Governo. É isso, Ver. Nedel, é isso que acontece! Mas a Cidade está olhando, a Cidade vai ...

 

(Aparte anti-regimental do Ver. João Carlos Nedel.)

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Aprendemos e muito! Aprendemos e muito, sim! Aprendemos a democracia, aprendemos o respeito à Cidade, o respeito às pessoas, aprendemos as boas práticas de Governo. O que infelizmente nós vemos aqui é só retrocesso, é só atraso! E isso tem de mudar nesta Cidade; certamente o povo vai fazer o julgamento justo. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado, Excelência.

O Ver. Professor Garcia está com a palavra para discutir o PLCL nº 030/05, com Veto Parcial.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, quero dizer que já conversamos com o Executivo para a derrubada do Veto do Sr. Prefeito. Vou fazer a leitura do que foi colocado como razões do Veto. Nas razões do Veto está o conteúdo do parágrafo 3°. Este Vereador, por ocasião do Projeto que permite o cercamento, acrescentou três Emendas. A primeira Emenda diz que deve ser dada ciência pelos meios de comunicação - rádio, televisão e jornal - de que aquele é um parque público, de que está sendo entregue à Cidade. A segunda determina que, nos locais de acesso, deve constar o dizer “livre acesso” e quais os horários desses acessos. E a terceira Emenda estabelece que 10% da área deve ser destinada à área desportiva. Foi colocado, justamente, com relação a essa questão da área desportiva (Lê.): “... impõe ao Poder Executivo Municipal a obrigatoriedade de fazer com que, havendo cercamento de logradouros públicos oriundos de loteamento da iniciativa privada, seja reservada uma área de 10% para a instalação de equipamentos esportivos”.

Na realidade, nós não estamos impondo. Já que a iniciativa privada quer cercar - e nós temos que ter esse cuidado, porque esse cercamento tem de ser público, e não privado para o condomínio -, eles terão, sim, uma contrapartida de 10% para área desportiva. E entrou-se numa controvérsia sobre o que seria área desportiva. Porque o playground é um local de lazer e recreação para uma determinada faixa etária; para a minha faixa etária, claro que não é um equipamento desportivo. É área esportiva um local, por exemplo, onde haja uma trilha para caminhada, ou um local de prática de tracking, porque por ali há uma área de preservação.

Então, mediante isso, o próprio Poder Executivo aceitou que pudéssemos hoje - os que assim entenderem - derrubar o Veto. Mas cabe a cada Vereador fazer a sua análise.

 

O Sr. Raul Carrion: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Exmo Ver. Professor Garcia, em primeiro lugar eu leio e releio a sua Emenda, e ela nem faz referência ao Executivo Municipal, não impõe absolutamente nada ao Executivo Municipal. Vou lê-la, V. Exª fez esta Emenda (Lê.): “Do total da área cercada recebida pelo Município, em decorrência de loteamentos da iniciativa privada, 10% deverá ser destinado exclusivamente à construção de equipamentos esportivos”. Cabe ao Município - e V. Exª com muita cautela não disse o que entendia por equipamento desportivo -, primeiro, na regulamentação, definir o que é equipamento. Portanto, V. Exª não entrou na atribuição do Executivo. Segundo, caberá ao próprio empreendedor privado cumprir as exigências, assim como ele tem que cercar. Então a sua Emenda é perfeita, é correta, é meritória. O Governo reconhece que é meritória, e ela não interfere na independência dos Poderes. Eu só não consigo compreender, como corolário disso, por que V. Exª não pede para manter o Projeto contra o Veto. Isso que eu não entendo.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Não, Vereador, nós vamos derrubar o Veto do Prefeito.

 

O Sr. Raul Carrion: Ah, derrubar o Veto!

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Sim, justamente.

 

O Sr. Raul Carrion: É esse o acordo?

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: É esse o acordo.

 

O Sr. Raul Carrion: Perfeito, então estamos juntos, porque não interfere no Município.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Justamente, é o que eu coloquei. Quando foi colocado aqui que estava impondo ao Poder Executivo - não estou impondo -, na realidade é iniciativa do empreendedor, pois, já que ele quer cercar, terá de ter essa contrapartida. Então é nesse aspecto. E eu volto a dizer: se alguém entendeu de forma errada, não é isso. O que eu disse, no final da minha fala, foi de que fica ao livre arbítrio de cada Vereador, se entender que é pertinente, a derrubada do Veto. Já conversamos com o Executivo, estamos postulando a derrubada do Veto, mas isso fica a critério, logicamente, de cada Vereador. Mas de antemão já peço, porque este Vereador tem um compromisso ligado à área do esporte... Entendemos que, cada vez mais, os nossos parques públicos têm que ter esse compromisso social, porque, na medida em que houver mais espaços para o lazer, a recreação e o esporte, existirá menos possibilidade de as crianças ficarem desocupadas, ou fazendo outras atividades, muitas vezes nos próprios parques públicos, porque elas não têm o que fazer, porque ficam totalmente ociosas. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado, Ver. Professor Garcia.

O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir o PLCL nº 030/05, com Veto Parcial.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, esta tribuna hoje tem recebido inúmeros ranços, com os quais estou muito preocupado. Há pouco veio a Verª Sofia Cavedon e apresentou uma Moção de Repúdio aos engenheiros e arquitetos pela falta de estética. Puxa vida! Será que nós temos profissionais tão inabilitados aqui em Porto Alegre?

Há pouco veio o ex-Líder da Bancada do Partido dos Trabalhadores aqui falar que estamos atrasados, que estamos superados, e eu fico extremamente preocupado com esses ranços, com essas avaliações. Isso é falta até de democracia.

Agora vemos o Veto do Sr. Prefeito a uma Emenda do Ver. Professor Garcia que obriga todos os parques cercados, em Porto Alegre, pela iniciativa privada, a terem 10% da sua área com equipamentos esportivos. A Emenda não diz que é no mínimo ou no máximo. Não! Tem de ser 10%, Ver. Elói. Obriga aos 10%. Vejam senhoras e senhores: existem inúmeros parques e praças.

Os parques náuticos - ilustre desportista Dr. Licht, que nos honra com a sua presença e que tem se dedicado há tantos anos a esse assunto -, obrigatoriamente, se tiverem uma parte cercada, deverão ter 10% de equipamento esportivo. Ora, o parque náutico é na água, toda água é um equipamento esportivo! Muito bem! Meu amigo Érico, se o parque for temático, de folclore, deve ter 10% de equipamento esportivo. E se o parque for de lazer? Não, não pode ter lazer, tem que ser 10% de esportes: cancha de futebol de salão, basquete, vôlei, futebol, piscina. Tem que ter 10%, não é no mínimo, são 10%.

O Ver. Juarez Pinheiro aprovou um Projeto muito importante aqui nesta Casa: o Parque das Etnias. Que coisa bonita! Cada etnia coloca a sua casa, a sua história. Eu lembro, Ver. Maurício Dziedricki, o parque em homenagem à colonização polonesa em Curitiba. Não é? Mas não, não pode! Tem que ter 10% de equipamento esportivo. Não pode contar a história, o folclore, a cultura. Não! Tem que ter 10% de equipamento esportivo. Ora, deixa livre! Muitos parques têm muito mais do que isso. Por que nós temos que obrigar?

Veja, por exemplo - Ver. Nereu d'Avila, que me ouve com imensa atenção -, o Parque Gabriel Knijnik, que tem grandes extensões de mata nativa. A mata nativa está incluída nos 10% ou não? Está incluída. Mas veja: se o parque já tiver 90% de mata nativa, o resto tem que ser de equipamento esportivo. E, se o parque tiver 95% de mata nativa, tem que destruir 5% de mata nativa para fazer o equipamento esportivo.

Vereador, não tem sentido a sua Emenda, eu lamento. Eu acho que a liberdade é importante, Ver. João Antonio Dib, deixar os parques...

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. João Carlos Nedel, o raciocínio de V. Exª é perfeito, só que está raciocinando em cima de um parque público, então não vale.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Como é?

 

O Sr. João Antonio Dib: Vossa Excelência raciocina em cima de um parque público, o Parque Gabriel Knijnik.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sim, é um parque público.

 

O Sr. João Antonio Dib: Aí não tem os 10%, que é a pretensão do Ver. Professor Garcia.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sim, mas os parques entregues pela iniciativa privada, doação do Dr. Gabriel Knijnik... Não tem, porque é antigo, nós estamos tratando dos novos. Só estou dando um exemplo do absurdo dessa exigência. Deixa livre. É impressionante o absurdo. O Ver. José Ismael entrou com um Projeto de um parque temático, não pode ser parque temático do folclore, tem que ser 10% esporte.

Por que esse engessamento dos parques públicos? Eu vou votar pela manutenção do Veto, sem dúvida.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado Ver. Nedel.

O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra para discutir o PLCL nº 030/05, com Veto Parcial.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Prezado Presidente Dr. Goulart, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, nós estamos, literalmente, chovendo no molhado. Para informação dos Srs. Vereadores e das Sras. Vereadoras, isso já existe na legislação pertinente a loteamentos. Aquilo lá foi um loteamento já entregue ao Poder Público, e esta Casa aprovou o cercamento do parque, que está dentro de 40 hectares, e que brevemente será entregue à cidade de Porto Alegre.

E o Ver. Professor Garcia conseguiu aprovar aqui, no apagar das luzes de uma legislatura, de uma Sessão Legislativa, um plebiscito que abrange heterogêneas praças e heterogêneos parques, ficou na uniformidade, se o plebiscito for aprovado, podem-se cercar todos os parques e todas as praças que se quiser, ou seja, generalizou. Agora, quando da votação deste Projeto na Casa, o Ver. Professor Garcia veio com esta Emenda impositiva de 10% da área, quando se sabe que, nos loteamentos, já existe uma área de esportes reservada. E o Veto está absolutamente correto sob o ponto de vista técnico, porque um Vereador não pode impor nem ao Poder Público muito menos à iniciativa privada - e lá já é parque público - que seja 9%, 10%, 11%, 15%, 20%.

Ora, imaginem, a área total do Parque Germânia é de 40 hectares, e a área verde e o parque propriamente dito abrangem 15 hectares. Então, o Vereador quis impor, com sua Emenda, 10%. Essa é a questão do vício da iniciativa. Seria a mesma coisa que, quando foi estabelecido o Parque Marinha do Brasil, aqui houvesse uma emenda, e ficasse na lei que 10% do Parque Marinha tinha que ser de área esportiva. Primeiro que, para todos os parques, em todas as circunstâncias, e para a própria iniciativa privada, quando dos loteamentos, a lei assegura a existência de área para escolas, para lazer, para esportes. Então já há lei. Claro que aí fica ao alvedrio do loteador ver onde, quando e como, junto com o Poder Público, depois de a área entregue, serão distribuídas essas áreas. Agora, querer-se tomar uma área de 15 hectares e obrigar que 10% dessa área seja área esportiva... Convenhamos, é irracional, além de ter o teor impositivo não só ao Poder Público como também à própria iniciativa privada.

Aliás, a iniciativa privada - as organizações Goldsztein - já havia previsto a área esportiva. Pode ser até mais de 10% dos 15 hectares, ou eventualmente menos, isso depende da combinação com as outras áreas de lazer lá estabelecidas, a área para churrasqueira, área de uso comum dos moradores. Inclusive, vai haver moradores ao derredor desses 15 hectares, porque a área total é de 40 hectares.

De modo que andou absolutamente correto o Executivo, e agora é estranho o conúbio da oposição ao Governo, parabenizando e batendo palmas para um Vereador da situação, para estufar a sua vaidade e derrubar o Veto do Prefeito, e, claro, a oposição depois vai dizer que derrubou o Veto do Prefeito usando a vaidade de um Vereador que quer impor 10% em cima de um parque para o qual foi aprovado o seu cercamento por esta Casa. Por isso eu acho que nós não podemos ficar nas sazonalidades, como aquela história de La Fontaine, na vaidade da ave que tinha um queijo na boca, e a raposa dizia: “Mas que bela plumagem, mas que linda cor negra dessa linda ave”. Até que ela estufou-se e deixou cair o queijo para a raposa absorver. Assim está agindo a oposição nesta Casa em relação à vaidade do Ver. Professor Garcia: “Mas que linda a sua Emenda, mas que maravilha”, somente para que alguns Vereadores da situação caiam nessa esparrela para derrubar o Veto, que está absolutamente correto.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado, Vereador.

O Ver. Raul Carrion está com a palavra para discutir o PLCL nº 030/05, com Veto Parcial.

 

O SR. RAUL CARRION: Exmo Ver. Dr. Goulart, Presidente da nossa Casa; demais Vereadores, Vereadoras, em especial o Ver. Professor Garcia, em relação a este Projeto, que foi aprovado com algumas Emendas, que era de iniciativa do Ver. Nereu D’Avila, nós, inclusive, havíamos feito um acordo com o Ver. Nereu D’Avila no sentido de que, além da necessidade do Parecer do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano, os próximos parques privados entregues deveriam ter aprovação em lei da Câmara Municipal de Porto Alegre. Não precisaria de plebiscito, Ver. Professor Garcia, mas precisaria da manifestação da Câmara, e o Ver. Nereu concordou, inclusive assumiu conosco esse compromisso. Infelizmente, no dia da votação, foi unicamente o voto do Ver. Nereu, e sequer a articulação da sua Bancada foi efetivada. Felizmente, eu estava numa reunião do Conselho das Cidades, mas tive a informação de que esse acordo foi simplesmente ignorado, o que nos deixou, evidentemente, bastante desgostosos com essa negociação com o Ver. Nereu.

Então, dentro do malefício que este Projeto trouxe, ao ir nessa linha de cercamento dos parques, que, aliás, é defendida de forma clara pelo Ver. Nereu, veio a Emenda do Ver. Professor Garcia, que teve o nosso apoio em todos os momentos de discussão, propondo - vejam só, Ver. Todeschini -, que, da área total que deve ser entregue ao Município, apenas 10% seja destinada para atividades esportivas. Partindo, Ver. Sebastião, da premissa de que em torno de 35% da área de um empreendimento é destinada a equipamentos sociais e assim por diante. Então, 10% disso, Ver. Professor Garcia, 10% de 35 é 3,5%, é destinado para atividades esportivas, e não prospera a afirmação do Ver. Nedel, no nosso entender, de que são apenas 10%. Não, Ver. Dib. A forma como está colocada é que 10% têm que ser para atividade esportiva, mas não diz que pode ser mais. Não diz só 10%.

Eu leio aqui (Lê.): “... do total da área cercada pelo Município em decorrência de loteamentos de iniciativa privada, 10% deverão ser destinados...” Se 20%, Ver. Professor Garcia, forem destinados, eu pergunto: não está sendo destinado 10%? Claro. Se eu digo assim: “Dez por cento deverão ser destinados”, é o mínimo, está subentendido, é uma questão de gramática, de português, evidente. Claro que até a gramática e até o português sofrem polêmicas. Mas eu diria, Ver. Nedel, que o espírito está claro, a sua preocupação é desnecessária, respeito, mas acho que não. Vossa Excelência poderá encaminhar e contestar.

 

O Sr. João Carlos Nedel: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vossa Excelência não acha que deveria constar “no mínimo”?

 

O SR. RAUL CARRION: Seria mais preciso, concordo, Ver. Nedel. Mas, da forma que está redigida, 10% têm de ser destinados, não diz só 10%. Verª Neuza, V. Exª é uma autoridade na linguagem e no português, se eu digo que 10% têm de ser para tal coisa, e colocam 20%, esses 10% foram destinados, não diz só 10%. Então, parece-me que Projeto é meritório, eu já argumentei, no aparte que fiz ao Ver. Professor Garcia, que ao dizer... Não dá ordem para o Município, diz que tem que ser destinado. Eu lembro um Projeto meu, Ver. Professor Garcia, em que destinei uma área para a Associação de Moradores e não interferi na autonomia do Executivo, caberá ao Executivo determinar onde é a área, etc.

Então, V. Exª, e concluo, com muita propriedade já disse isso, defende aqui a atividade esportiva, colocando que ela é inclusiva, que ela é educativa, que ela é formativa. Temos hoje um grande Ministro dos Esportes, o nosso grande Agnelo, existe o Projeto Segundo Tempo, que pode ser aplicado nesse espaço aqui. Em suma, estamos com V. Exª, estamos com acordo de V. Exª com o Governo, que compreendeu a importância da Emenda, e votaremos a favor da Emenda, portanto contra o Veto. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): A Verª Maria Celeste está com a palavra para discutir o PLCL nº 030/05, com Veto Parcial.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Ver. Dr. Goulart; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, primeiro quero discutir o conceito deste Projeto e depois entrar na questão pontual do Veto. E eu ficaria muito grata se o Prefeito desta Cidade tivesse vetado todo o Projeto, porque aí nós estaríamos recolocando na ordem aquilo pelo qual lutamos, ou seja, para que nossos parques e nossas praças maiores não precisem ser cercadas; estaríamos recolocando um conceito fundamental, para mim, que é a democracia e a liberdade, o direito de ir e vir na nossa Cidade, principalmente nos espaços que o cidadão e a cidadã podem estar usufruindo para o seu lazer, para a sua socialização, sobretudo com as crianças, com os adolescentes, com os jovens. Então, para mim fica muito claro, quando não há um Veto em cima da proposta do Ver. Nereu, que possibilita o cercamento, e nós sabemos de que parque estamos falando quando verificamos este Projeto.

Em segundo lugar, com relação à questão que o Ver. Professor Garcia, na época, oportunamente trazia como discussão... E nós acompanhamos na votação essa Emenda do Ver. Professor Garcia, que traz o que diz a Constituição Federal de 1988, quando menciona a prática do lazer e do esporte como um direito social preconizado na Carta maior, na nossa Constituição. Parece-me que aqui estamos novamente indo contra um dos princípios maiores da Carta Magna. Também o Estado, o Executivo, que deveria ter o dever de fomentar a prática das manifestações, de formular políticas que visam garantir a democratização do acesso ao esporte, como uma das formas de promoção da inclusão social, mais uma vez se omite sobretudo na razão deste Veto, no artigo específico colocado para discussão. Mais uma vez a omissão do Executivo Municipal está muito clara. Quando poderíamos ter a possibilidade, a pequena possibilidade de destinar para esse parque um espaço que pudesse promover uma maior inclusão social para os idosos fazerem as suas caminhadas, a sua prática esportiva, para as crianças, os adolescentes terem os seus equipamentos à disposição, nós vemos então vetada essa proposição.

Para mim há duas importantes questões, e quero reiterá-las: primeiro, o cerceamento, a possibilidade de não se viver em um espaço de democracia, de liberdade, de socialização, com essa proposta de cercamento; segundo, o que poderia ser salvo, em uma iniciativa do Ver. Professor Garcia... O Prefeito veta o que, para mim, parecia ser a coerência deste Projeto, que, lamentavelmente, não traz a inclusão social, não valoriza a inclusão social. E, mais do que ir na contramão da Constituição Federal, nós também estamos indo na contramão daquilo que a Unesco estabelece. Ela traz, na sua temática, a indispensável construção de políticas públicas na ordem do esporte e lazer na nossa Cidade. É isso que nós estamos fazendo aqui neste momento, quando certamente será acatado o Veto do Prefeito, porque não teremos os 19 votos, lamentavelmente, como não os tivemos até então na votação dos demais Vetos que até agora ocorreram.

Não existe uma vontade política de ver-se implementado, de fato, o que diz a Constituição Federal, não existe uma vontade política de manter os acordos, os manifestos da Unesco em relação ao esporte. E nós vamos, mais uma vez, rasgar tudo isso, vamos deixar “passar batido”, como se diz, e perder a oportunidade de trabalharmos pela inclusão social, cada vez mais necessária na nossa Cidade.

Penso que nós estamos perdendo também a oportunidade de contribuir com o Executivo Municipal, perdendo a oportunidade de contribuir, sobretudo, com a cidade de Porto Alegre, com programas, com projetos alternativos que poderiam estar viabilizando o diálogo e, oxalá, poderiam estar viabilizando a Segurança Pública, que tanto clamamos, de que tanto necessitamos. Por um simples Veto em relação à questão da área de menos 10%, um percentual em que parece que há uma diferenciação, mas por um simples detalhe, nós estaremos, Verª Maristela, deixando de trabalhar pela inclusão social na nossa Cidade, através desta Emenda, que traz a prática do esporte no seu bojo maior, preconizada pela Constituição e pelos documentos da Unesco. Muito obrigada, Sr. Presidente.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigada, Excelência.

A Verª Margarete Moraes está com a palavra para discutir o PLCL n° 030/05, com Veto Parcial.

 

A SRA. MARGARETE MORAES: Sr. Presidente, Ver. Dr. Goulart; sem esmorecer, apesar de estar absolutamente espantada com o Veto anterior, espantada com o Governo, mas muito mais espantada com os Vereadores e Vereadoras desta Casa, eu quero dizer que nós vivemos um sistema republicano, e o espaço republicano supõe-se que seja de todos e de todas as pessoas, e todas pessoas, independente de qualquer condição, têm o direito de usufruir desse espaço. Agora, é dever, é obrigação do Estado, do Poder Público, preservar, cuidar, aprimorar, aperfeiçoar, desenvolver esse espaço público para que fique à disposição de todas as pessoas.

Porque a maioria dos pobres ou dos empobrecidos são reféns dos piores programas da televisão; no domingo eles assistem a “Tudo por Dinheiro” ou a programas similares, que não têm o menor conteúdo, o menor nível. As pessoas precisam sair de casa, ter segurança para sair de casa, ir ao baile da Redenção, ir ao baile do réveillon. As pessoas querem jogar conversa fora, querem se exercitar... Infelizmente, a maioria das pessoas não tem o Grêmio Náutico União ou a Associação Leopoldina Juvenil para praticar esporte, para ter lazer, para se exercitar. Eu gosto de nivelar por cima e não por baixo. Então, é dever do Poder Público garantir que esse espaço de acesso seja o mais qualificado possível para a maioria das pessoas.

Com muito respeito, eu quero discordar veementemente do Ver. João Carlos Nedel, quando ele diz: “Se for um parque temático...”, pode ser um parque de lazer, de cultura, que tenha um palco, pode ser parque náutico, poder ser que tenha mata nativa - esse parque terá garantia de 10% de equipamentos esportivos. Isso é uma garantia mínima que o Ver. Professor Garcia está colocando. Agora, Ver. João Carlos Nedel, se tiver 95% de mata nativa, não será um parque; será uma área de preservação natural, e ninguém poderá circular por lá.

Tenho certeza de que é o uso que civiliza o local. Se tiver alguma programação, haverá segurança, haverá estrutura, haverá possibilidades, querida Luísa.

Por fim, não quero usar todo o meu tempo, quero dizer que discordo da expressão “deixa livre”. Porque, quando “deixa livre”, o que vale é a lei do mais forte, é a lei do vale-tudo, é ausência de regras, é a ausência do Poder Público, é a omissão do Poder Público na cidade de Porto Alegre. E aí vai imperar, Ver. Adeli Sell, o salve-se quem puder e a lei do mais forte, do mais rico e do mais poderoso.

Quero parabenizar, com muita sinceridade, o Ver. Professor Garcia, sempre coerente com as suas idéias a favor da maioria das pessoas, para que elas tenham qualidade de vida, para que tenham auto-estima, para que possam fruir e usufruir da cidade de Porto Alegre, nas suas melhores condições. Obrigada.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Em votação ...

 

O SR. PROFESSOR GARCIA (Requerimento): Solicito verificação de quórum.

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Solicito liberação do painel eletrônico, para a verificação de quórum, solicitada pelo Ver. Professor Garcia. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) Não havendo quórum, estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h01min.)

 

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